Coronavírus

EUA tiveram "luxo" de observar pandemias antes de as sofrerem, diz professor

Declarações do professor de segurança nacional Charles Morgan.

EUA tiveram "luxo" de observar pandemias antes de as sofrerem, diz professor
JUSTIN LANE

Os Estados Unidos tiveram, "por muito tempo, o luxo de ver o que acontece nos outros países" durante pandemias, antes de serem afetados, considerou esta terça-feira o professor de segurança nacional Charles Morgan.

"Por muito tempo, nos Estados Unidos, tivemos o luxo de ver as tragédias acontecerem noutro lugar do mundo primeiro. Tivemos o luxo de olhar para países estrangeiros e analisar o que acontece, dizendo que vamos lidar e preocupar-nos quando o problema chegar aqui", disse Charles Morgan, antigo conselheiro especial do Inspetor-geral do Departamento de Defesa dos EUA.

As afirmações foram feitas hoje pelo professor da Universidade de New Haven durante uma teleconferência com jornalistas sobre a covid-19, acrescentando que o SARS (síndrome respiratória aguda grave) de 2003 e o ébola, em 2014, são exemplos de epidemias que surgiram noutros lugares do mundo, antes de afetarem os Estados Unidos.

Charles Morgan defendeu a "ideia da vigilância global" que surge nas alturas de pandemia, em que existe maior cooperação científica a nível internacional, com partilha de dados genéticos sobre o vírus e amostras.

"Este é um sistema que tem de estar sempre ativo e não existir apenas quando existe uma pandemia", declarou o professor de segurança nacional da Universidade de New Haven.

O especialista referiu que os vírus influenza são o "modelo de pandemia" que caracteriza a resposta dos EUA em casos de crise de saúde pública, mas que pode não ser o mais acertado.

"As pessoas esquecem muitas vezes que o coronavírus pode sofrer mutações, por isso é que já conhecemos pelo menos quatro que têm sintomas semelhantes, como a gripe e dificuldades de respiração", disse, sublinhando que a natureza está em constante desenvolvimento.

O antigo conselheiro do Inspetor Geral dos EUA acredita que haverá "mais uma onda" do novo coronavírus que provoca a doença covid-19 e vai também "alterar a prestação de cuidados de saúde" nos EUA e a forma como a saúde é paga.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (42.364) e mais casos de infeção confirmados (quase 788 mil) em todo o mundo.

Charles Morgan declarou que a covid-19 trouxe um "profundo impacto" e "revelou a inadequação do sistema de saúde" nos EUA, acrescentando que "é insustentável para o futuro".

Os cuidados de saúde à população dependem, na maior parte, do setor privado e de hospitais 'for-profit' (com fins lucrativos), que têm o direito de recusar tratar pacientes se estes não tiverem um seguro de saúde para cobrir os serviços ou outra forma de pagamento.

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