Coronavírus

Medicamentos contra a malária testados no combate à Covid-19 podem causar efeitos colaterais

O alerta é da Agência Europeia de Medicamentos.

Medicamentos contra a malária testados no combate à Covid-19 podem causar efeitos colaterais
Eric Gaillard

Os medicamentos contra a malária que estão a ser testados no combate ao novo coronavírus podem provocar efeitos colaterais sérios, incluindo convulsões e problemas cardíacos, alertou hoje a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

O regulador da União Europeia (UE) realçou que a cloroquina e a hidroxicloroquina, dois medicamentos que o presidente norte-americano, Donald Trump, entre outros, apontou como potenciais tratamentos para a covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, são conhecidos por causar problemas no ritmo cardíaco, especialmente se combinados com outros medicamentos.

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A cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas há muitos anos para tratar a malária e doenças anti-inflamatórias como a artrite reumatoide.

Além dos problemas cardíacos, os dois medicamentos também podem provocar danos no fígado e nos rins, convulsões, e baixar o nível de açúcar no sangue.

"Os dados clínicos ainda são muito limitados e inconclusivos, e os efeitos benéficos desses medicamentos na covid-19 não foram demonstrados", vincou em comunicado a EMA, sublinhando que, como nos ensaios clínicos que testam a eficácia dos medicamentos contra o coronavírus são usadas doses mais altas do que as recomendadas, isso pode aumentar o risco de surgirem danos colaterais.

Atualmente, não existe tratamento licenciado para a covid-19, e dezenas de ensaios estão a decorrer em todo o mundo. No início deste mês, parte de uma investigação no Brasil foi suspensa, depois de os médicos descobrirem que um quarto dos doentes que estavam a tomar cloroquina desenvolveram ritmos cardíacos irregulares perante doses aumentadas.

A EMA disse que os médicos e os doentes devem reportar quaisquer efeitos colaterais dos dois medicamentos em causa às autoridades nacionais. "Estes medicamentos não podem ser tomados sem receita e sem a supervisão de um médico", conclui a agência europeia.