Humidade elevada do ar pode prolongar em até 23 vezes o tempo de vida útil aérea de gotículas que transportam o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, segundo cientistas da Universidade do Missouri, Estados Unidos.
A investigação, publicada hoje na revista científica "Phisics of Fluids" (Física de Fluidos), centrou-se sobre a forma como o vírus é transportado pelo ar através de situações normais como respirar, falar e tossir e os cientistas descobriram um importante e surpreendente efeito do ar húmido na possível propagação da Covid-19.
As gotículas exaladas numa expiração normal de um ser humano têm uma gama de tamanhos que vão de um décimo de mícron a 1.000 mícron (1 micron é equivalente a 0,001 milímetro).
Em termos de comparação um cabelo tem um diâmetro aproximado de cerca de 70 mícron, enquanto uma partícula típica de coronavírus é menor do que um décimo de mícron.
As gotículas exaladas mais comuns têm entre 50 e 100 mícron de diâmetro e contêm substâncias como água, lípidos, proteínas e sal. E contêm também vírus caso a pessoa esteja infetada.
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Os investigadores consideraram não apenas o transporte de gotículas pelo ar, mas também a sua interação com o ambiente envolvente, nomeadamente tendo em conta a evaporação, e tiveram em conta a turbulência mas também dados de outros estudos e dados sobre outras partículas semelhantes em tamanho às expiradas pelo ser humano, nomeadamente o pólen do milho, cujas partículas têm um diâmetro de 87 mícron.
Das conclusões da investigação sobressai o facto de a humidade afetar o destino das partículas exaladas, já que o ar seco pode acelerar a evaporação natural.
Em ar com 100% de humidade relativa, simulações mostraram que as gotículas maiores, com 100 mícron, podem cair no chão a até a quase dois metros (1,82 metros) da fonte de exalação. As gotas mais pequenas, de 50 mícron, podem viajar mais longe, até a cinco metros.
Um ar menos húmido retarda a propagação. Com uma humidade relativa de 50% nenhuma das gotículas de 50 mícron foi além dos 3,5 metros.
Num modelo para imitar a tosse os investigadores concluíram que num caso de infeção quase 70% do vírus seria depositado no solo durante uma tosse.
A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 775.000 mortos e infetou mais de 21,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Em Portugal, morreram 1.784 pessoas das 54.448 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.