Coronavírus

Entrevista SIC Notícias

Covid-19. "Nós nunca vamos conseguir controlar o vírus completamente"

Virologista Paulo Paixão em entrevista na Edição da Tarde.

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O virologista Paulo Paixão, em entrevista na Edição da Tarde, considerou que ainda não estamos em condições de desconfinar, mas disse que deve ser dado um sinal "de esperança" às pessoas. Salientou também que o encerramento das escolas vai deixar sequelas nos jovens. Sobre as alterações no plano de vacinação contra a covid-19, lembrou que há mais grupos expostos sem vacinação.

Alterações na vacinação

Na SIC Notícias, disse compreender a contestação das forças de segurança por terem sido afastadas do grupo prioritário de vacinação contra a covid-19. No entanto, lembrou que há outros grupos expostos ao vírus todos os dias que também ainda não foram vacinados.

"Não gosto de personalizar as coisas, mas eu trabalho num laboratório que faz centenas de testes covid todos os dias e ninguém está vacinado", contou, acrescentando que o problema é Portugal estar "dependente das doses" que estão atrasadas.

Paulo Paixão acrescentou também que considera o novo coordenador do plano de vacinação "uma pessoa muito sensata".

Atrasos na vacinação

Na Edição da Tarde, disse que o atraso das vacinas contra a covid-19 mostra a desunião da União Europeia, dando exemplos de países com uma vacinação mais avançada, como os Estados Unidos, Israel e Reino Unido. Lembrou que, por esta altura, devia haver "muito menor circulação do vírus" em Portugal.

"Quanto mais nos atrasarmos, mais implicações vamos ter, quer em termos de saúde, mortes ou económicas", disse, considerando os atrasos "preocupantes".

Desconfinamento e controlo do vírus

Sobre um possível desconfinamento, o especialista disse que não pode acontecer neste momento, no entanto, salientou que as escolas estão fechadas, o que considera preocupante.

"Não podemos falar já em desconfinamento, mas também não podemos adiar indefinidamente", disse, e acrescentou:

"Seria altura de um sinal de esperança e de não pensarmos que o desconfinamento vai ser daqui a três ou quatro meses".

O especialista apelou a um desconfinamento gradual, com os alunos a voltarem às escolas primeiro e acompanhados por uma testagem massiva.

Paulo Paixão lembrou que o encerramento das escolas pode ser "tremendo" para os jovens", que estão há quase um ano "sem uma comunicação normal": "vai deixar sequelas tremendas nos nossos jovens".

"Nós nunca vamos conseguir controlar o vírus completamente", disse também, explicando que o objetivo é transformar o coronavírus num vírus inofensivo, com menos mortalidade, e semelhante à gripe.

No entanto, explicou que só vai acontecer com um plano de vacinação mundial, que ainda não existe.