O coordenador do Plano de Vacinação contra covid-19 considera que o envolvimento militar na pandemia permitirá fazer surgir um "novo conceito" das Forças Armadas. Em entrevista, diz ainda que a pandemia é um combate "que não se pode perder".
"Desta experiência vai nascer um novo conceito" nas FA
Na mesma entrevista, o vice-almirante defende que o envolvimento militar na atual pandemia vai ser decisivo para o surgimento de um "novo conceito" das Forças Armadas.
"Se a experiência for positiva, naturalmente haverá uma análise positiva desta 'construção'. Se for negativa, haverá também uma análise negativa desta construção", sustentou.
Segundo o coordenador da "task force", embora a participação das FA em missões civis esteja prevista na lei e seja frequente - como nos fogos ou em outros momentos críticos - é realizada sempre a título excecional e "nunca tinha acontecido nesta dimensão".
Para Gouveia e Melo, poderá, todavia, despontar um "novo conceito" de uso das FA, que "não são só feitas para combater, são feitas para ajudar a população do seu país, umas vezes combatendo, outras vezes estruturando, outras vezes ajudando".
Neste aspeto, o vice-almirante destaca a resiliência, a organização, a capacidade de trabalhar sob 'stress' e incerteza e a rapidez na resposta das Forças Armadas, "qualidades que podem ser úteis ao país" e que este "deve descobrir" que podem estar disponíveis quando precisa delas.
"Para mim isto é uma guerra"
O coordenador da 'task force' defende ainda que a pandemia é um combate que "não se pode perder", que para si é mesmo "uma guerra" e, por isso, usa o camuflado.
"Se olhar para os combates anteriores, que conflito é que prejudicou tanto a economia portuguesa, que conflito é que matou tanto em tão pouco tempo", pergunta o vice-almirante Gouveia e Melo, em entrevista. E realça: "Se isto não é um combate, então o que é um combate?".
Alerta, além do mais, para o facto de Portugal estar "a travar um combate que não pode perder" e que "todos os portugueses" têm de ter a noção disso.
De um ponto de vista pessoal, o vice-almirante diz que encara a sua função como crítica, "que tem que ser feita com o esforço que for necessário".
"Para mim é uma guerra", diz, "um combate pessoal, um combate de grupo, [em que] o combatente do outro lado não é um ser humano, mas um vírus e nós temos que puxar todos os recursos que temos para combater esse vírus", destaca. E acrescenta: "Encarei [a nomeação] como um desafio, por um lado, por outro como uma obrigação enquanto militar, que jurei fazer tudo pelo meu país".
Questionado se já tinha tomado a vacina, Gouveia e Melo é perentório na recusa, "enquanto não tiver a certeza de que grande parte dos portugueses, na sua maioria, estão vacinados".
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