Coronavírus

Entrevista SIC Notícias

Covid-19. Bastonário da Ordem dos Médicos defende vacinação de pessoas que já foram infetadas

Miguel Guimarães considera importante que seja administrada, pelo menos, uma dose da vacina às pessoas que tiveram a doença há mais de três meses.

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O coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19, vice-almirante Gouveia e Melo, anunciou esta quarta-feira que a primeira fase do plano deverá estar concluída a 11 de abril. Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, considera o plano “está a seguir no bom caminho” no que toca à regra dos 80-80-80 – 80% dos profissionais de saúde e 80% dos maiores de 80 anos. No entanto, destaca a importância de incluir pessoas que foram infetadas pelo novo coronavírus na vacinação.

“Uma das alterações que temos defendido é a necessidade de vacinar também as pessoas que tiveram a doença covid-19, há mais de 90 dias. A nível europeu, e [segundo] um estudo recente feito pela Centro Europeu para o Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC), apenas Islândia e Portugal não estão a vacinar as pessoas que já tiveram a doença covid-19 há mais de três meses”, afirma o bastonário em entrevista à Edição da Noite.

Miguel Guimarães sublinha que existe uma percentagem significativa de pessoas que regista uma descida de anticorpos circulantes a partir dos três meses, voltando a ficar vulnerável à doença.

“Eu julgo que é muito importante começar a vaciná-las, sobretudo aquelas pessoas que cuidam e tratam de nós e aquelas pessoas que têm claramente uma mortalidade mais elevada. Deviam fazer pelo menos uma dose de vacina”, prossegue referindo-se aos profissionais de saúde e às pessoas com mais de 80 anos.

Em relação ao início da segunda fase do plano de vacinação, Miguel Guimarães considera que a forma mais prática de realizar a convocatória é através da idade. O bastonário lembra que algumas das doenças identificadas como prioritárias não estão codificadas nos hospitais e centros de saúde, o que dificulta a identificação dos pacientes.

“É extraordinariamente difícil estarmos a codificar as doenças todas, quando uma parte delas não foi codificada à partida. Se seguirmos o caminho que estava a ser pensado há um mês – de vacinar as pessoas com deficiência renal, diabetes, deficiência cardíaca – não vamos conseguir vacinar todas. Porque muitas destas pessoas não têm a codificação adequada”, explica

Por outro lado, o bastonário sublinha que esta técnica de convocatória “liberta os próprios médicos de família para que possam exercer as suas tarefas”, numa altura em que os atrasos nos cuidados de saúde não-covid-19 são “absolutamente brutais”.