Com o número de vacinados contra a covid-19 estagnado, o Reino Unido optou por levantar quase todas as restrições. "Não há alternativa, tendo a concordar com a situação inglesa porque a vacinação é o que tem mais impacto", disse esta segunda-feira Pedro Simas, virologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular.
Cerca de 90% da população adulta do Reino Unido já está imunizada, e quase 70% tem a vacinação completa. Na SIC Notícias, o especialista explicou que a vacinação está estagnada no Reino Unido e que o país está a ter algumas dificuldades em administrar a segunda dose numa franja da população.
Recorrendo ao exemplo de Israel, Pedro Simas refere que vacinar completamente a população para lá dos 60% é o ideal, como foi o caso de Israel que, apesar do recuo no uso de máscaras em espaços interiores, continua a ter a situação pandémica muito controlada.
Para além de reduzir significativamente o risco de morte ou internamento pela doença, a vacina impede a disseminação pandémica do vírus na população imunizada, apontou o virologista, revelando que, neste momento, não há pandemia nas pessoas acima dos 34 anos no Reino Unido.
"É a melhor altura para desconfinar porque as camadas jovens não estão concentradas nas escolas e universidades", defendeu Pedro Simas.
O Reino Unido entrou esta segunda-feira na última fase de desconfinamento. Já não existe a obrigatoriedade do uso de máscara e de distanciamento social, bem como os limites de pessoas em ajuntamentos em espaços abertos ou fechados. As recomendações do governo persistem apenas nos transportes públicos, mas restrições acabam quase todas.
A última fase de desconfinamento avança apesar do país atravessar uma nova vaga de infeções, com cerca de 50 mil casos por dia e com o pico previsto para agosto, que pode chegar a mais de 100 mil infeções diárias.
Os cientistas alertam para os riscos da abertura, numa altura em que o primeiro-ministro Boris Johnson está em quarentena depois de ter contactado com o ministro da Saúde, infetado com covid-19.