Coronavírus

Entrevista SIC Notícias

Covid-19. "Este é o momento de tentar dar normalidade às pessoas"

"Incerteza faz parte do processo. As pessoas devem desconfiar quando ouvirem uma mensagem muito certa", afirma Tiago Correia, especialista em Saúde Pública Internacional, em entrevista na SIC Notícias.

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Tiago Correia, especialista em Saúde Pública Internacional, diz que há projeções científicas diferentes da pandemia, tanto no mesmo país, como entre países, dando como exemplo da Europa e dos Estados Unidos.

"Entrámos numa nova fase da pandemia e isso significa que ninguém sabe ao certo quais são os próximos capítulos deste longo livro que temos vivido e que se chama pandemia", afirma, considerando que o "ruído científico" é normal.

Em entrevista na Edição da Tarde da SIC Notícias, o especialista defende que a "incerteza é normal":

"Temos de compreender que a incerteza faz parte deste processo e isso não é um problema. As pessoas sempre que ouvirem uma mensagem muito certa sobre o que vai acontecer, devem desconfiar", diz.

"O vírus não vai desaparecer, vamos ter de fazer muitas vezes tentativas e erros. Não podemos perder é o rastreio do vírus", acrescenta.

Fim das restrições no Reino Unido

Sobre o caso concreto do Reino Unido, que acabou com as restrições, explica que os decisores políticos "atiraram para a população a responsabilidade do risco a que querem estar sujeitas". Para Portugal, o especialista em Saúde Pública, diz que é bom, porque "vamos ter o exemplo concreto" britânico daqui a 15 dias sobre os efeitos dessa medida.

Acabou a obrigatoriedade do uso de máscara e de distanciamento social, bem como os limites de pessoas em ajuntamentos em espaços abertos ou fechados. As recomendações do Governo persistem apenas nos transportes públicos, mas restrições acabam quase todas.

No entanto, apesar de apontar para um aumento do número de casos de covid-19 no Reino Unido, não prevê que haja aumento de internamentos e de óbitos, devido à elevada taxa de vacinação no país - quase 70% da população adulta com a vacinação completa.

"Este é o momento de tentar dar normalidade às pessoas", afirma, realçando, no entanto, a necessidade de uma maior cobertura vacinal.

Tiago Correia diz que, neste momento, é preciso perceber se as pessoas vacinadas estão a ser reinfetadas, se estão a ser hospitalizadas nos cuidados intensivos e o grau da doença nos mais jovens: "Passam a ser essas as linhas vermelhas, muito mais que a circulação do vírus".