Coronavírus

Entrevista SIC Notícias

"Estamos a vacinar crianças e ao mesmo tempo a dizer que precisam de usar máscara no recreio"

Para Tiago Correia, professor de Saúde Pública, o uso de máscara no recreio traz uma "mensagem contraditória".

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Tiago Correia, professor de Saúde Pública Internacional, considera que seria difícil para o Parlamento renovar o uso obrigatório de máscara na rua e diz que o uso no recreio das escolas traz uma mensagem contraditória.

Em entrevista na Edição da Tarde, Tiago Correia reitera que os comportamentos da população "já estavam dissonantes" em relação à obrigatoriedade do uso de máscara na rua e, por isso, "era muito difícil ao Parlamento" renovar esta medida.

Sobre a experiência internacional, fala sobre o Reino Unido, que aboliu a medida há dois meses, e que está a sentir um aumento progressivo de casos de covid-19 e internamentos, "mas não um aumento descontrolado" e que isto já era algo esperado pelas autoridades de saúde inglesas.

"Sim é de esperar que haja um aumento de casos, mas não é um aumento exponencial, aquele que vivemos na primeira e segunda onda", diz Tiago Correia sobre as possíveis consequências do fim da obrigatoriedade do uso de máscara na rua.

O professor de Saúde Pública considera que há uma discussão por fazer: encontrar o número considerado ético de casos, óbitos e internamentos para manter ou recuar medidas.

"Até onde é que é considerado adequado e razoável para continuarmos este caminho de desconfinamento?"

Sobre a possibilidade de as pessoas continuarem a usar a máscara da rua, por receio deste ou outros vírus, acredita que parte da população vai continuar a fazê-lo, pelo menos neste inverno, devido ao "passado muito recente".

"É preciso dar tempo às pessoas para se habituarem às novas fases da pandemia."

Quando ao uso de máscaras nos recreios das escolas, considera ser uma questão sensível e que traz uma mensagem contraditória:

"Estamos a vacinar as crianças e ao mesmo tempo estamos a dizer que precisam de usar máscara no recinto escolar."

Ou seja, para Tiago Correia, a medida do uso de máscara colide com a vacinação das crianças e jovens dos 12 aos 17 anos: "Sempre soubemos que a vacinação das crianças não era para prevenir a doença, mas para prevenir a transmissão do vírus para outras pessoas em que a doença pode ser grave".

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