A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou, esta sexta-feira, a nova variante de covid-19, detetada na África do Sul, como "preocupante".
A nova variante foi comunicada à OMS pela África do Sul na quarta-feira e é a quinta a receber uma designação. A OMS atribuiu à variante B.1.1.529 a letra grega Omicron.
Segundo a organização, a variante Omicron tem "um grande número de mutações, algumas das quais preocupantes". Dados preliminares sugerem "um risco acrescido de reinfeção" com esta estirpe, por comparação com outras variantes de preocupação, adianta a agência da ONU em comunicado.
O virologista Lawrence Young, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, disse à AP que esta é a "versão do vírus com mais mutações" genéticas e o significado de muitas delas é ainda desconhecido. Estima-se que terá cerca de 30 mutações na proteína da spike, a "chave" que permite ao vírus entrar nas células humanas.
Os cientistas sabem que a nova variante do SARS-CoV-2 é geneticamente diferente das outras, incluindo a Delta, a mais contagiosa de todas as variantes do coronavírus em circulação e dominante no mundo. Contudo, não sabem se as alterações genéticas que a variante apresenta a tornam mais transmissível ou perigosa, a ponto de escapar à proteção conferida pelas vacinas contra a covid-19.
O número de novas infeções na África do Sul "parece estar a aumentar em quase todas as províncias". De acordo com a OMS, o primeiro caso confirmado da variante Omicron teve origem numa amostra recolhida a 9 de novembro.
Em Portugal ainda não foi identificado nenhum caso da nova variante do coronavírus. O investigador do INSA, João Paulo Gomes, afirmou que a nova variante do coronavírus detetada na África do Sul é "um motivo de preocupação, mas não é motivo de alarme total".
O primeiro caso na Europa foi detetado esta sexta-feira na Bélgica. Foi identificado numa mulher não vacinada que viajou do Egito para a Bélgica, via Turquia, no dia 11 de novembro.
Os 27 Estados-membros da União Europeia concordaram, também esta sexta-feira, em aplicar restrições a todos os voos oriundos de sete países da África Austral.
"Os Estados Membros concordaram em introduzir rapidamente restrições em todas as viagens para a UE a partir de 7 países da África Austral: Botsuana, Eswatini (antiga Suazilândia), Lesoto, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zimbabué", revelou na rede social Twitter um porta-voz da Comissão Europeia.
Para além da suspensão de voos, outra das recomendações passa pela aplicação de quarentenas e testes.
O entendimento entre os 27 não será implementado de forma automática, cada país terá agora de decidir, de acordo a lei nacional, e avançar com as várias medidas.
Também o Canadá, Reino Unido, Marrocos e Filipinas anunciaram a suspensão dos voos vindos de África do Sul.
O ministro da Saúde sul-africano, Joe Phaahla, considerou que a reação internacional de restrições a viajantes da África Austral é "injustificada", "contraproducente" e "draconiana". Acrescentando que sente que esta é a "abordagem errada, na direção errada, e que vai contra as normas aconselhadas pela OMS", classificando-a como "reações de pânico irrefletidas".
As variantes de preocupação estão ligadas ao aumento da transmissibilidade ou virulência ou à diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública, dos diagnósticos, vacinas ou tratamentos.
Por isso, a OMS aconselha as pessoas a manterem as medidas de proteção, como o uso de máscaras, a higienização das mãos, o distanciamento físico e a ventilação dos espaços fechados, bem como evitar multidões e vacinarem-se.
Saiba mais:
- Covid-19: o que se sabe e não se sabe sobre nova variante detetada na África do Sul
- Covid-19: EMA diz ser prematuro prever adaptações das vacinas à nova variante
- Covid-19: Estados-membros concordam em restringir viagens a 7 países de África
- Nova variante da Covid-19 faz Bitcoin perder mais de 4 mil dólares em 24 horas
- Covid-19: Pedro Simas diz que "não é expectável que nova variante" afete eficácia das vacinas
- Covid-19: o retrato da situação na Namíbia, um país na África Austral sem registo de casos da nova variante
- Covid-19: BioNTech e Pfizer esperam ter em 15 dias resultado de estudo sobre nova variante