Coronavírus

Ómicron: OMS pede a revisão dos planos de resposta ou "será demasiado tarde"

Perante a ameaça ainda desconhecida, mas que parece ser mais contagiosa, da nova variante, os governos devem rever já as suas estratégias sanitárias de resposta à covid-19.

Ómicron: OMS pede a revisão dos planos de resposta ou "será demasiado tarde"
LUDOVIC MARIN

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde pediu, esta quarta-feira, aos governos para reverem as suas estratégias sanitárias de resposta à covid-19 face à nova variante do vírus da doença, a Ómicron, que parece ser mais contagiosa.

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"Cada Governo, cada indivíduo, deve usar todos os instrumentos de que dispomos e os Estados devem rever os seus planos nacionais à luz da situação atual", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa sobre a situação da pandemia, insistindo na necessidade de acelerar a vacinação da população de maior risco.

"Se os países esperarem até os seus hospitais começarem a encher será demasiado tarde, temos de agir já", afirmou.

Tedros Adhanom Ghebreyesus pediu a partilha de informação das autoridades nacionais com a comunidade internacional relativa à Ómicron, para um melhor acompanhamento, lembrando que os dados que existem e a informação que se conhece é preliminar e é demasiado cedo para haver conclusões sólidas em relação a esta variante.

"Dados preliminares da África do Sul sugerem um risco de reinfeção mais elevado com a Ómicron, mas são necessários mais dados para tirar conclusões mais sólidas. Existem também elementos que fazem pensar que a Ómicron provoca sintomas menos graves do que a Delta, mas também aqui é ainda demasiado cedo para haver certeza", afirmou.

O diretor-geral da OMS admitiu também que a Ómicron "pode ter um grande impacto no desenvolvimento da pandemia", mas insistiu que é cedo para conclusões definitivas sobre a eficácia das vacinas atuais da covid-19 em relação a esta variante, assim como sobre os tratamentos, a transmissibilidade e outros fatores.

"Temos de perceber bem se a variante Ómicron pode substituir a Delta [dominante atualmente] e por isso pedimos aos países que aumentem a vigilância, os testes e a sequenciação genómica", insistiu.

Tedros Adhanom Ghebreyesus pediu também para serem "levantadas as proibições discriminatórias" relativas a viagens, como as que foram decididas por diversos governos em relação a países do sul de África, a região onde foram identificados os primeiros casos da variante Ómicron.

Nova variante já chegou a 57 países

A Ómicron foi detetada até agora em 57 países, segundo um relatório da OMS, divulgado antes da conferência de imprensa de Tedros Adhanom Ghebreyesus.

De acordo com o documento, nos últimos 60 dias, dos 900 mil casos analisados pela rede global de laboratórios GISAID (umas das redes de análise do vírus da covid-19 com que trabalha a OMS), mais de 99% continuam a ser causados pela variante Delta e apenas 713 (0,1%) são Ómicron.

No entanto, numa semana, os casos de Ómicron detetados pela rede GISAID passaram de 14 para os atuais 713.

Por outro lado, esta nova variante já supera os casos de outras variantes detetadas anteriormente, como a Alfa ou a Gama.

Em Portugal há, neste momento, 37 casos associados à Ómicron, segundo dados revelados ontem pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), e que colocam a hipótese de circulação comunitária desta variante no país de uma forma residual.