António Costa dá como certo o prolongamento das medidas restritivas nas fronteiras, após 9 de janeiro, por causa da nova variante Ómicron. Quanto às medidas internas em vigor - na restauração, lares, uso do certificado e testagem - também são para manter. Já tinha ficado previsto poderem vigorar até março e Costa não descarta "calibragem" e um possível reforço.
O primeiro-ministro considera que as medidas em vigor vão "seguramente" ser "prorrogadas, porque a 9 de janeiro não vamos estar em condições de [as] retirar". A excepção poderá ser o encerramento das escolas. "Espero que não, temos de fazer tudo para evitar mais prejuízos no processo educativo das crianças", diz, apontando para o retomar das aulas no dia 10. Falta perceber o que acontece ao teletrabalho obrigatório e ao encerramento das discotecas previsto para o período entre 2 e 9 de janeiro.
"Devemos prever que a partir de 9 de janeiro vamos ter que manter as medidas de controlo das fronteiras", avança António Costa, admitindo também um "reforço" de medidas se for necessário por causa da nova variante Ómicron.
O primeiro-ministro deixa o apelo aos portugueses para que respeitem a semana de contenção, no início de janeiro, desaconselhando a ida aos centros comerciais para "fazer trocas de prenda". António Costa diz que tem de ser feito de tudo para "evitar mais prejuízos no processo de educativo das crianças", esperando que as aulas possam ser retomadas.
"É essencial que a semana de contenção seja mesmo de contenção."
Costa coloca ainda a possibilidade de uma 4ª dose da vacina contra a covid-19, adaptada às novas variantes.
O primeiro-ministro diz que a 4ª dose é "infelizmente, de prever que vá acontecer", esclarecendo que o reforço será para "populações mais vulneráveis".
"Não teremos a necessidade de fazer uma vacinação generalizada da população, mas o que é importante é estarmos prevenidos e termos o máximo de doses que possamos adquirir no quadro da União Europeia."
Estas doses já estão encomendadas, acrescentou Costa à entrada para a reunião de líderes europeus, em Bruxelas.
"Apresentámos o pedido de aquisição dessas vacinas a cima, aliás, daquilo que era o pro rata em função da população que temos de forma a estarmos com todas as condições para poder adotar uma quarta dose de reforço se ela vier a ser necessária, como infelizmente é de prever que virá a acontecer."
A Organização Mundial da Saúde já avisou que a Ómicron está a propagar-se a um ritmo sem precedentes. A nova variante já foi detetada em cerca de 80 países, mas a OMS admite que já tenha alastrado a praticamente todo o mundo.
Na sua análise à Ómicron, a OMS reitera que a variante parece afetar a eficácia das vacinas contra a infeção e transmissão, aumentando também o risco de reinfeção.
No entanto, a variante não parece afetar a eficácia dos testes de PCR para deteção do vírus, o que pode ajudar a monitorizar a sua evolução. Os tratamentos contra casos graves ou críticos de covid-19 "devem continuar a ser eficazes" contra a Ómicron, indica a OMS.
Depois deste alerta, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) disse que a Ómicron representa um risco "muito elevado" e exige medidas "urgentes e fortes", de modo a proteger os sistemas de saúde.
Numa avaliação de risco atualizada esta quarta-feira publicada, o ECDC aponta que a Ómicron deverá suceder à Delta como a variante dominante na União Europeia (UE) no início de 2022, até porque já se assiste a transmissão comunitária dentro da Europa, e sublinha que os dados preliminares disponíveis não descartam "uma redução significativa da eficácia das vacinas" contra esta estirpe.
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