Coronavírus

Covid-19: EUA estende prazos dos autotestes, mas em Portugal “seguimos normas europeias”

Para o pneumologista Filipe Froes, esta medida de extensão da validade dos testes covid-19 nos Estados Unidos “não o surpreende”, mas em Portugal ainda não se registou qualquer ajuste às datas.

Covid-19: EUA estende prazos dos autotestes, mas em Portugal “seguimos normas europeias”
SONGPHOL THESAKIT

A agência norte-americana para a Segurança Alimentar e do Medicamento (Food and Drug Administration) estendeu o prazo de validade de dois dos autotestes covid-19 de antigénio comercializados no país.

Os autotestes BinaxNow COVID-19 e o Flowflex COVID-19 Antigen Home Test viram os seus prazos de validade serem estendidos em 22 meses e 12 meses, respetivamente, dependendo da data em que foram produzidos.

A farmacêutica Abbott, integrante da multinacional americana Johnson & Johnson, diz que este prazo pode ser novamente revisto e estendido num futuro próximo, estando neste momento “a aguardar novos dados sobre a sua viabilidade”.

Contactado pela SIC, o pneumologista Filipe Froes, que coordenou o Gabinete de Crise para a covid-19 da Ordem dos Médicos, disse que esta medida “não o surpreende”.

“Se a agência americana do medicamento estendeu estes prazos, foi porque foram feitos testes nesse sentido e nestes meses conseguiu testar a sua viabilidade.”, afirmou Filipe Froes.

Questionado sobre se em Portugal os especialistas já receberam alguma diretriz neste sentido, o especialista esclareceu que ainda não teve qualquer conhecimento de ajustes às datas de validade dos autotestes covid de antigénio comercializados em território português.

“Em Portugal só seguimos as normas europeias, ou seja, cumprimos a legislação europeia que é decidida pela EMA [sigla da agência europeia do medicamento]", adiantou o médico intensivista.

“O nosso país é muito pequeno e não temos a possibilidade de fazer esse tipo de investigação sobre a validade dos testes covid”, acrescentou.

Relativamente à pandemia da covid-19, o pneumologista enalteceu a possibilidade deste momento de crise ter sido útil para a evolução científica.

“A pandemia permitiu democratizar o acesso a todo o tipo de tecnologia e conjunto de testes, funcionando como um catalisador. Os momentos de crise têm, também, os seus pontos positivos. Por exemplo, em 2009, por altura da gripe A, foi quando se deu a introdução dos testes PCR em Portugal; no início eram caríssimos, mas agora, por altura da pandemia, já eram um tipo de teste perfeitamente banal”, concluiu.

A SIC Notícias tentou contactar o INFARMED, na tentativa de perceber se já teria tido alguma indicação por parte da EMA, relativamente aos ajustes nas datas de validade dos testes covid comercializados em Portugal, mas não obteve qualquer resposta.

Aumento dos casos covid-19 em Portugal

Tal como noticiou a SIC Notícias, houve um aumento do número de casos covid-19, tendo sido atingido o pico no final de agosto. Num só dia, houve perto de 1.000 infeções, o valor mais alto dos últimos nove meses.

Apesar do aumento, a ministra da Presidência afirmou esta quinta-feira que o Governo está atento à evolução dos casos em Portugal, reforçando a necessidade da vacinação antes do inverno. Mariana Vieira da Silva adiantou que, para já, não vai tomar medidas preventivas adicionais.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse esta sexta-feira que o Governo está a acompanhar o aumento de casos covid-19 e apelou à vacinação contra a covid-19 e contra a gripe.

"Neste momento, estamos a acompanhar, como não poderia deixar de ser. Devo dizer que a principal medida que está em cima da mesa e que é muito importante alertar os portugueses é a campanha de vacinação, que vai começar dia 29 de setembro", afirmou o ministro da Saúde.

A vacinação contra covid-19 começa dia 29 de setembro, decorrendo nos centros de saúde em simultâneo com a da gripe, à semelhança do que aconteceu em 2022.

A novidade este ano é que, pela primeira vez, também vai ser possível receber a vacina contra a covid-19 nas farmácias comunitárias que tenham serviço de administração de vacinas, profissionais com formação específica para administração e que manifestem disponibilidade para participar na campanha.


Aviso da OMS

Com um aumento generalizado do número de casos covid-19 em vários pontos do globo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu aos países para manterem a vigilância face à ameaça de novas estirpes derivadas da variante Ómicron.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou, sem especificar razões, para o "aumento de hospitalizações, internamentos nas unidades de cuidados intensivos e mortes em alguns países".

Novos dados científicos e fabricantes de vacinas Moderna e Pfizer/BioNTech sugerem que uma variante mais recente e altamente mutante do vírus que causa a COVID-19 não é tão alarmante como alguns especialistas temiam quando foi detectada pela primeira vez há várias semanas.

Apelidada de "Pirola" nas redes sociais, a subvariante BA.2.86 Omicron está a ser rastreada pela Organização Mundial da Saúde e pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.