97 marroquinos desembarcaram no Algarve entre dezembro de 2019 e setembro de 2020, uma pequena amostra dos milhares que procuram segurança e melhores condições de vida do outro lado do mar. Uns aguardam a conclusão do processo de asilo, outros esperam pela deportação e ainda há quem tenha seguido para outros países.
Saif já nasceu em Lisboa, seis meses depois da mãe, grávida, ter fugido de Marrocos.
Fátima atravessou o Oceano Atlântico com outras 27 pessoas, todas amontoadas num barco de seis metros.
"Eu tinha um problema grave: a criança não tinha pai. E isso é inaceitável por parte da minha família e por parte da comunidade", diz.
Mohcin Errachidi partilhou o barco com Fátima, mas também o percurso pelas teias da justiça.
Já desistiu de esperar pela resposta das autoridades ao estatuto de refugiado que pediu, mas que, verdadeiramente, nunca quis, tendo feito o pedido por não desejar voltar a Marrocos.
No total, foram 97 os cidadãos marroquinos que chegaram clandestinamente a Portugal, 67 destes pedindo estatuto de refugiado, mas ainda nenhum o conseguiu.
Numa marina de Portimão, estão há mais de um ano ancorados os seis pequenos barcos onde os imigrantes viajaram, ainda com vestígios da travessia.
Encontram-se apreendidos, tal como os dispositivos de GPS encontrados nas embarcações e os cartões de telefone dos imigrantes.
O grupo de trabalho composto pela Marinha, o SEF e a GNR conclui pela existência de uma nova rota entre a costa marroquina e o Algarve.
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