A Bielorrússia acusa a quinta-feira a União Europeia (UE) de tentar estrangular a sua economia através de sanções e de prosseguir a "demonização" do regime de Alexander Lukashenko.
"O objetivo de toda esta política consiste em estrangular economicamente a Bielorrússia, dificultar e agravar ao máximo a vida dos bielorrussos", assinala um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O texto descreve como "o cúmulo do absurdo" a decisão do Conselho da UE de impor as primeiras sanções à Bielorrússia relacionadas com a crise migratória na sua fronteira, que foram coordenadas com os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.
As sanções, presumivelmente a resposta de Bruxelas à crise iniciada a 8 de novembro com a concentração de vários milhares de migrantes na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia, afetam 17 pessoas e 11 entidades, incluindo as linhas aéreas bielorrussas Belavia.
"Todo este peso da responsabilidade é colocado nos ombros da Bielorrússia, enquanto se ignoraram vergonhosamente os autênticos motivos da crise migratória global", assinala o comunicado oficial da diplomacia bielorrussa.
Minsk considera as sanções "bárbaras" e "desumanas", pelo facto de atingir dezenas de milhares de bielorrussos através da inclusão de empresas que não têm qualquer relação com a crise migratória.
Para além de sublinhar que irá superar o novo desafio lançado pelo ocidente, as autoridades de Minsk asseguram que serão adotadas em resposta "medidas duras e assimétricas, mas adequadas".
Os Estados Unidos, o Reino Unido, a UE e o Canadá anunciam esta quinta-feira novas sanções económicas contra o regime da Bielorrússia, acusado de "repetidas violações dos direitos humanos" e de facilitar a imigração ilegal para a Europa.
"Continuamos comprometidos em apoiar as aspirações democráticas do povo da Bielorrússia e unimo-nos para impor custos ao regime - e àqueles que o apoiam - pelos seus esforços para silenciar as vozes da sociedade civil independente, dos media e de todos os bielorrussos que procuram falar a verdade sobre o que está a acontecer no país", escrevem os aliados numa declaração conjunta.
O documento faz uma dura crítica à atuação do regime do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, e promete duras sanções económicas, acusando-o de estar a usar migrantes como armas políticas contra o Ocidente.
"Exigimos, mais uma vez, ao regime de Lukashenko para que ponha fim imediata e integralmente à organização da migração irregular através das suas fronteiras com a UE", salientam os aliados.
Num comunicado do Departamento de Estado norte-americano, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, lembra que esta é terceira vez que os aliados agem de forma concertada contra a Bielorrússia, acusando Lukashenko de "desrespeito pelos direitos humanos".
Blinken explica que o endurecimento das sanções demonstra "a nossa determinação inabalável de agir face a um regime brutal que reprime cada vez mais os bielorrussos, mina a paz e a segurança na Europa e continua a explorar pessoas que procuram apenas viver em liberdade".
O Departamento de Tesouro dos EUA anuncia que tem como alvo 20 indivíduos e 12 organizações próximas do regime de Lukashenko, acusados de ter "facilitado a passagem (...) de migrantes para dentro da UE" e de ter "participado em atos de repressão contra os direitos humanos e a democracia".
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