Crise Política

Operação Influencer: João Galamba esteve sob escuta desde 2019

As escutas podem não ter sido feitas de forma contínua, algo que, não sendo ilegal, é, segundo juristas contactados pelo jornal Expresso, “um abuso da Justiça”.

Operação Influencer: João Galamba esteve sob escuta desde 2019
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

João Galamba começou a ser escutado há quatro anos, no âmbito da investigação da Operação Influencer, na qual é arguido, revela o jornal Expresso.

O jornal escreve que o antigo ministro esteve sob escuta desde 2019, logo depois da abertura do inquérito. No entanto, as escutas podem não ter sido feitas de forma contínua, algo que não sendo ilegal, é, segundo juristas contactados pelo Expresso, “um abuso da Justiça”.

Na notícia desta sexta-feira, pode ler-se que, de acordo cm fonte próxima do caso, “o que salta à vista são os 116 envelopes contendo CD e pen-drives com as interceções telefónicas autorizadas pelo juiz de instrução aos arguidos do caso”, entre eles o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o empresário Diogo Lacerda Machado ou o ex-CEO da Start Campus, Afonso Salema. No total, o processo da operação já conta com 23 volumes, cada um com 250 páginas.

Para algumas fontes ligadas ao processo ouvidas pelo jornal, os três procuradores do caso “basearam muita da prova nas escutas telefónicas” ao contrário de colegas seus do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que trabalham sobretudo “a componente financeira e bancária”, até porque costumam ter a colaboração da Autoridade Tributária (AT).

“Há escutas a mais no caso. As conversas destes arguidos foram ouvidas durante meses e meses”, critica uma das fontes.

Opração conduziu à demissão de Costa

A operação do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório e à constituição de quatro arguidos, designadamente o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus.

Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do data center de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

O primeiro-ministro, António Costa, que apresentou a demissão, é alvo de uma investigação autónoma do MP num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados~.