Daesh

"Só porque são familiares ou simpatizantes do Daesh não retira estatuto de proteção"

Human Rights Watch pede proteção aos civis que ainda subsistem no último reduto do grupo extremista Estado Islâmico na Síria.

"Só porque são familiares ou simpatizantes do Daesh não retira estatuto de proteção"
Felipe Dana

"Só porque poderão ser familiares dos membros do EI ou simpatizarem com eles, isso não retira o seu estatuto de proteção", declarou, num comunicado, o diretor do programa do terrorismo/antiterrorismo da organização não-governamental Human Rights Watch, Nadim Houry.

As Forças Democráticas da Síria (FSD), aliança liderada pelos curdos e apoiado pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, têm encurralado, nos últimos dias, os extremistas e as suas famílias no bairro de Al-Sheikh Hamd, em Bagouz.

Adnane Afrine, comandante militar das FSD, disse na quinta-feira à agência espanhola EFE que cerca de 3.000 pessoas permanecem Al Baguz, das quais 2.000 civis e 1.000 combatentes.

Nas últimas semanas, centenas de civis fugiram do conflito e instalaram-se em vários campos de deslocados na região.

"É um alívio para os civis deixarem a área, mas não se deve esconder o facto de que esta batalha parece ter acontecido sem levar em conta o seu bem-estar", disse Houry.

A HRW entrevistou mais de 20 pessoas que escaparam do EI nas últimas semanas.

De acordo com seus testemunhos, a cidade de Al Baguz foi bombardeada e HRW registou - entre 19 de janeiro e 20 de fevereiro - mais de 630 locais com danos significativos devido aos ataques, num período durante em que um grande número de civis ainda estava nesta área.

Segundo o comunicado, os civis foram fugindo do fogo cruzado entre as várias partes, entre centenas de ataques aéreos da coligação, além de ataques de artilharia pelas forças do Governo sírio e até mesmo outras operações lançadas a partir da fronteira com o Iraque.

A HRW pediu hoje que a coligação utilize métodos de ataque que minimizem a "morte e ferimentos aos civis", além de tentarem fazem todo o possível para "prevenir ataques similares", além de "proporcionar compensações" àqueles que sofreram perdas de membros da família devido a estes ataques.

Um comboio de camiões com civis deixou, na quarta-feira, o último reduto ocupado pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) no leste da Síria, uma retirada que permite a coligação árabe-curda prepararem-se para o último assalto.

Pelo menos 20 pessoas foram mortas, na quinta-feira, num atentado perto de uma base da aliança árabe-curda no leste da Síria.

Com Lusa