O debate entre PS e Livre na RTP não foi tão cordial como se esperaria de um partido pequeno que muitas vezes é interpretado como "muleta" possível para um eventual Governo socialista. Gastou-se (ou ganhou-se, depende da perspetiva) mais tempo no tema dos Açores no início, do que na Educação e, depois, sobrou pouco tempo para a Saúde. A ideia que ficou: Livre quer maioria de esquerda, PS quer um voto útil, colocando a hipótese da vitória da AD.
Mais um debate, mais Açores. Com a notícia que o PS não irá viabilizar um governo minoritário do PSD nos Açores, as dúvidas sobre a estabilidade política pairam no ar. Mas para Rui Tavares, este cenário ainda não se coloca na República, sendo que o futuro ainda não aconteceu.
"Não estamos a evitar o futuro, estamos a construí-lo, por isso podemos evitar os erros dos Açores. A esquerda, se não tiver maioria, não tem possibilidade de afastar, a única maneira de evitar esse cenário é a esquerda dar esperança aos portugueses", realçou o líder do Livre.
Pedro Nuno Santos não foi tão direto, mas questionou porque é que existe pressão ao PS para viabilizar um Governo da AD, mas não houve ao contrário quando o PS ganhou e o PSD decidiu governar com o Chega.
"Quando perde, governa com Chega, quando ganha espera pelo PS.Quando o PS perde eleições e não forma maioria, lidera a oposição. Se o PS ganha ou consegue formar maioria, governa. O pior serviço que nós faríamos á democracia portuguesa era ter o PS e o PSD deixando a oposição para a extrema-direita", elucidou.
Habitação
Em relação á Habitação, Rui Tavares aproveitou para realçar os efeitos negativos da maioria absoluta que, antes pedida por António Costa como garante da estabilidade, mas agora evidente causa da instabilidade, segundo o líder do Livre.
Rui Tavares garante o futuro será diferente se a esquerda tiver o poder, se o Livre tiver mais força na Assembleia da República para poder passar as suas medidas.
Pedro Nuno Santos jogou à defesa das medidas dos últimos anos, tendo estado no Executivo, nomeadamente como ministro da Habitação.
"Faz-se de conta que não se fez. Estas medidas já estão a produzir resultados", disse acrescentando que "a legislatura foi interrompida".
Professores
A respeito dos professores, o PS quer, numa legislatura, repor o tempo integral por uma "questão de justiça" e o Livre propõe negociações nos primeiros 100 dias para este setor, e também das forças de segurança por exemplo .
Saúde
Neste tema, o Livre não percebe porque é que a proposta do Regressar Saúde não foi aprovado pelo PS, para resgatar ao privado. E Rui Tavares, para combater a ideia e o apelo ao voto útil, insistiu: "Temos que voltar a ter um Governo de esquerda que envolva a sociedade civil e a academia"
Pedro Nuno Santos realçou que "nesta campanha eleitoral joga-se o futuro do SNS, tendo em conta que a direita não acredita no SNS e quer desviar fundos para o privado".
"É frustrante ouvir que o SNS colapsou. O que acontece é que temos uma sociedade a envelhecer e traz mais pressão ao SNS", elucidou.
No fim, Livre insistiu numa maioria à esquerda, eliminando as fronteiras entre os partidos que nesse lado habitam, já Pedro Nuno Santos vincou o seu apelo ao voto no PS, pois só assim se poderá governar, na sua ótica.
"Tenho uma boa relação com o Livre, estas eleições são mais disputadas, e estas medidas só continuam se o PS derrotar a AD, se a AD ganhar nenhuma das medidas que falaste eram viabilizadas", disse direcionando-se a Rui Tavares.
O moderador quis acabar, mas pareceu que Pedro Nuno Santos e Rui Tavares continuaram a debater mesmo depois do fim da emissão.