O debate entre Bloco de Esquerda e Iniciativa Liberal na CNN foi palco de discórdias, especialmente no que deve ser papel do Estado e o que deve ser reservado aos privados. Mais contas, menos contas, Mariana Mortágua e Rui Rocha atravessaram o tema da Habitação, Impostos, privatizações e Saúde.
Mariana Mortágua discordam em praticamente tudo com Rui Rocha e isso foi evidente logo no começo do debate, onde o moderador decidiu arrancar com o tema da Habitação.
A Iniciativa Liberal, com Rui Rocha, disse, mais uma vez, querer mais casas disponíveis para os portugueses, mas ocupou-se mais a contrariar o programa de Mariana Mortágua.
"O Bloco de Esquerda diz que o problema está nos não residentes, mas isso é só 12% do mercado, outros partidos dizem que é o Alojamento Local e perseguem atividades económicas. O problema não se resolve a por portugueses contra portugueses ou estrangeiros", disse o líder liberal.
Mariana Mortágua também entrou no debate para contrariar as medidas liberais do partido agora liderado por Rui Rocha.
"A IL quer mais mercado a funcionar,. Vivem menos pessoas em Portugal em 2022 do que em 2007, e não havia problema de habitação. As casas que existem estão a ser desviadas para outros fins que não a habitação, porque o AL se expandiu sem controlo e o mercado de luxo centra-se nas grandes cidades e faz subir os preços", explicou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Mariana Mortágua ainda acrescentou que as construtoras encontraram formas "mais rentáveis" de fazer habitação, o que deixou um vazio nas habitações acessíveis.
O Bloco de Esquerda insistiu que, de acordo com o seu programa, quer que 25% de toda a nova construção seja para habitação acessível.
A Banca
Outro dos temas bastante fraturante entre liberais e bloquistas é a banca e o papel do Estado.
Para a Iniciativa Liberal, o Estado interfere demasiado no mercado
"O Estado a interferir no mercado, a dar ordens a bancos para descomprometer o mercado das suas regras, não queremos isso. O Estado deve-se preocupar com a Saúde, Educação, Defesa, mas interferir no mercado com detenção de capital de bancos não resolve o problema dos juros. Para a IL lucros privados, prejuízos privados, quando corre bem não devemos asfixiar, e quando corre mal os contribuintes não têm de pagar, com a IL isso não acontece", explicou Rui Rocha.
Depois Rui Rocha questionou Mariana Mortágua: o BE propõe nacionalização da REN, EDP e Galp e estas empresas são 30 mil milhões de euros que custariam, mas com o dinheiro de quem?
Segundo Rui Rocha, levaria 10 mil euros por cada família de três pessoas.
"O controlo públicos de alguns setores são menos de metade do que a borla de 2,2 mil milhões que Rui Rocha quer dar à banca nos impostos", respondeu a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Mas para isso, Rui Rocha, também teve resposta.
Impostos
"O que a IL quer é simples: que o investimento em Portugal cresça e, por isso, temos de ser competitivos nas taxas que aplicamos. Baixar o IRC para que empresas grandes se fixem em Portugal e tragam salários mais altos para portugueses", explicou.
No entanto, Mariana Mortágua não discordou apenas da proposta do IRC, mas também da proposta da "descida de IRS" que a Iniciativa Liberal defende.
"Para além do corte de IRC, a proposta do IRS é inconstitucional, porque elimina a progressividade e custa três mil e quinhentos milhões de euros e Rui Rocha disse que ia buscar a poupanças de papelaria no Estado. Há quatro presidentes de quatro empresas que, em conjunto, ganham oito milhões de euros por ano a quem a IL quer oferecer 2,4 milhões de euros de borla fiscal, não sei se é isto que entende de portugueses de trabalho árduo", evidenciou Mortágua.
Nesse sentido, Rui Rocha acusou Mariana Mortágua de demagogia, tendo em conta uma votação no Parlamento contra uma proposta que baixava o IRS para os cincos escalões de baixo.
"Nós queremos crescimento económico e não há nada mais social que isso, só com isso podemos distribuir, e não distribuir pobreza que é o que propõe o Bloco de Esquerda", acusou o líder liberal.
Mariana Mortágua defendeu-se, após a crítica liberal.
"Eu quero uma economia de qualificações, que investe na reconversão energética em setores de futuro e é capaz de dar empregos de qualidade, não quero economia de baixa produtividade. O mercado trouxe-nos turismo, construção, imobiliário e deixou de lado atividade de valor acrescentado, não quero um país de baixos salários e tenho um projeto para isso", rematou Mortágua.
Saúde
Para a líder bloquista, tanto faz para Rui Rocha ser público ou privado e acusou-o de querer entregar dinheiro ao privado para Portugal ficar com um sistema mais caro como é o alemão e holandês.
"Temos hoje em dia pessoas em lista de espera dois anos. As coisas não estão melhores, estão piores. Quem é corresponsável deste caminho que foi feito é o BE e Mariana Mortágua é preciso mudar o país", concluiu Rui Rocha.