“Queremos fazer parte de uma solução estável para o país”, defende o deputado do Chega Filipe Melo. Mas como essa hipótese foi descartada pelo líder da Aliança Democrática (AD) - “mais preocupada com o próprio ego do que a pensar no país” - cabe ao Presidente da República respeitar o voto de mais de um milhão de portugueses e encontrar uma solução, apela.
Num debate que juntou representantes das três forças políticas mais votadas na SIC Notícias, Pedro Costa diz que o PS está pronto para assumir as suas “responsabilidades” na oposição, face “a uma direita que nunca se quis organizar”.
“Dar a mão à AD só nos leva a fazer aumentar os extremos e isso não é o caminho do PS nem nunca será”, defende o socialista.
Miguel Pinto Luz faz eco das palavras do presidente do PSD: para o Chega, “não é não”. Caberá, por isso, ao PS aprovar ou não as propostas do governo de Montenegro, sob pena de “provocar uma crise governativa”.
“Os portugueses estão fartos de politiquice”, condena o social-democrata, acusando Pedro Nuno Santos ter usado o partido de André Ventura como “amuleto para se manter no poder”.
Filipe Melo lembra que “os líderes passam e o país fica”, esperando que o PSD perceba que os portugueses disseram de “forma clara” que querem a AD no governo, mas também querem “o Chega a fazer parte desta solução”.
Se não “respeitar o voto popular” e defender uma “convergência” à direita, Marcelo Rebelo de Sousa vai “hipotecar o país” no próximo ano, hipotecar o PRR e o crescimento económico", argumenta o deputado do Chega.
Sobre os resultados no Algarve – onde o Chega foi o partido mais votado, Miguem Pinto Luz acusa o governo socialista de não resolver os problemas da região - da seca à habitação - passando pelo “nepotismo” de autarcas socialistas.
“A ligeireza com que governaram os últimos dois anos foi gritante para todos os portugueses (...) este e o resultado: a esquerda teve a maior derrota de sempre, está esmagada”, diz o social-democrata.
Para Pedro Costa “não foi por acaso” o discurso que associava a insegurança à imigração ter surgido no Algarve, "para explorar uma revolta que faz alimentar os populismos”, acusa.
Por sua vez, Filipe Melo diz que os eleitores do Algarve votaram por "convicção” e não como forma de protesto.
“O presidente do PSD e o presidente do Chega terão de se sentar à mesa e encontrar uma forma para dar a estabilidade que o país necessita”, reforça.
Miguem Pinto Luz desvia-se do lance e volta a passar a bola ao PS, com quem defende que faria mais sentido encontrar “plataformas de entendimento”.
"Claro que há divergências políticas, ideológicas, mas também há princípios pelos quais por, por exemplo, o Partido Socialista e o PSD se têm reagido ao longo das décadas (...) e é aí que é pedido responsabilidade aos partidos.”
"Eu percebo que seja difícil ao Partido Socialista vir dizer isso a seguir às eleições, mas isso vai acontecer naturalmente”, antecipa.