Eleições Legislativas

Augusto Santos Silva admite entendimentos entre PS e PSD em certas matérias

O presidente da Assembleia da República não quer especular sobre a possível duração da próxima legislatura e assegura que o essencial é garantir a "estabilidade do sistema democrático".

Augusto Santos Silva admite entendimentos entre PS e PSD em certas matérias
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Em entrevista à Rádio Renascença, o presidente da Assembleia da República (AR), Augusto Santos Silva, admite possíveis entendimentos entre o PS e o PSD em algumas matérias como, por exemplo, a Justiça.

O ainda presidente da AR não quer comprometer-se com os possíveis cenários de governabilidade, mas defende que, tendo em conta os resultados das legislativas, "caberá ao PS o lugar da oposição".

"Há matérias que, pela sua importância, aconselham a que haja diálogo, cedência mútua, negociação e compromisso entre os dois partidos, ou entre o Governo e a oposição. Uma área que está mesmo a pedir isso é área da Justiça. Portanto, um ser governo e o outro ser oposição não significa que não se entendam nas áreas em que é preciso entender-se e não significa que radicalizem as suas posições, quando as suas posições são tradicionalmente próximas", aponta.

Augusto Santos Silva refere que os resultados do sufrágio de domingo são "complexos", motivo que exige "prudência e responsabilidade" aos líderes partidários. Sobre a ascensão do Chega, garante que é um fator que exige reflexão, mas considera que não deve ser valorizado em demasia.

"O Chega obteve um milhão e 100 mil votos, o que são 18% dos eleitores. Eu também olho para os restantes 82%. Portanto, não dêmos mais importância a um fenómeno que, na minha opinião, já tem uma gravidade assinalável", sustenta.

O presidente da AR não quer especular sobre a possível duração da próxima legislatura e assegura que o essencial é garantir a "estabilidade do sistema democrático".

"Sei que o país já pagou um preço bastante elevado, na minha modesta opinião, por ao longo de 2023, senão mesmo ao longo de 2022, se terem sucedido os comentários sobre uma eventual interrupção da legislatura. Nós devemos contribuir para a estabilidade. Os resultados são conhecidos, portanto, é hora de construir e não de estar a imaginar já a próxima catástrofe", afirma

Acredita ainda que, a confirmar-se a vitória da Aliança Democrática (AD), Marcelo Rebelo de Sousa irá convidar Luís Montenegro a formar governo.

Quando ainda falta conhecer os resultados dos círculos da Europa e de fora da Europa - o que acontecerá a 20 de março -, a AD segue na frente com 29,5% dos votos e 79 mandatos, enquanto o PS reúne 28,7% dos votos com 77 mandatos.

O Chega figura como a terceira força política com 18,1% e 48 mandatos.