Eleições no Brasil

Ministério Público Eleitoral do Brasil investiga 197 denúncias de casos de "assédio eleitoral"

Denúncias de empresários que ameaçam com despedimento ou cortes nos salários em caso de vitória do ex-presidente Lula da Silva nas Presidenciais.

Ministério Público Eleitoral do Brasil investiga 197 denúncias de casos de "assédio eleitoral"
Andressa Anholete

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil expressou esta quinta-feira a sua preocupação com as denúncias de "assédio eleitoral" por empresários que procuram influenciar o voto dos seus empregados nas eleições presidenciais, ameaçando até com despedimento. O Ministério Público Eleitoral está a investigar 197 denúncias.

Esta preocupação foi manifestada pelo presidente da mais alta autoridade eleitoral do Brasil, Alexandre de Moraes, durante uma reunião com os demais magistrados, na qual anunciou a adoção de medidas para combater este crime.

"Temos de agir de forma mais eficaz e rápida contra este comportamento porque não é possível que, em pleno século XXI, se pretenda pressionar os trabalhadores em relação ao seu voto", salientou.

A maioria das reclamações dizem respeito a empresários que ameaçam demitir ou cortar salários em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda volta das presidenciais brasileiras, marcada para 30 de outubro.

Lula e Bolsonaro disputam segunda volta das presidenciais no Brasil

O líder progressista, que obteve 48,4% dos votos na primeira volta, enfrenta o atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, líder da extrema-direita brasileira, que aspira à reeleição e que foi o segundo mais votado em 02 de outubro, com 43,2% dos votos.

Uma sondagem divulgada esta quinta-feira pelo instituto Ipec - Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, indica que Lula da Silva tem 51% das intenções de voto e que Jair Bolsonaro tem 42%.

O presidente do tribunal eleitoral divulgou que irá reunir-se com os procuradores eleitorais e com representantes do Ministério Público para estudar formas mais eficazes de combater o assédio eleitoral nas empresas.

"Alguns patrões estão a pressionar, ameaçar e a atribuir benefícios para que os seus funcionários votem em determinado candidato. Isto é um crime comum e um crime eleitoral", alertou.

De acordo com estatísticas divulgadas esta terça-feira, o Ministério Público Eleitoral está a investigar 197 denúncias de casos de assédio eleitoral, principalmente em empresas do sul e sudeste industrializado do Brasil, onde Bolsonaro tem um maior apoio.

Prefeito e empresário são exemplo de "assédio eleitoral"

Uma das denúncias, apresentada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal central sindical do Brasil e aliada de Lula, baseia-se num áudio em que o prefeito da cidade de Cupira, José María de Macedo, ameaça paralisar as obras na sua área de influência em caso de vitória do líder progressista.

Outro caso de grande repercussão é o da empresa de materiais agrícolas Stara, sediada no Rio Grande do Sul, que divulgou um comunicado em que ameaça reduzir a sua atividade caso Lula seja eleito Presidente.