O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil expressou esta quinta-feira a sua preocupação com as denúncias de "assédio eleitoral" por empresários que procuram influenciar o voto dos seus empregados nas eleições presidenciais, ameaçando até com despedimento. O Ministério Público Eleitoral está a investigar 197 denúncias.
Esta preocupação foi manifestada pelo presidente da mais alta autoridade eleitoral do Brasil, Alexandre de Moraes, durante uma reunião com os demais magistrados, na qual anunciou a adoção de medidas para combater este crime.
"Temos de agir de forma mais eficaz e rápida contra este comportamento porque não é possível que, em pleno século XXI, se pretenda pressionar os trabalhadores em relação ao seu voto", salientou.
A maioria das reclamações dizem respeito a empresários que ameaçam demitir ou cortar salários em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda volta das presidenciais brasileiras, marcada para 30 de outubro.
Lula e Bolsonaro disputam segunda volta das presidenciais no Brasil
O líder progressista, que obteve 48,4% dos votos na primeira volta, enfrenta o atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, líder da extrema-direita brasileira, que aspira à reeleição e que foi o segundo mais votado em 02 de outubro, com 43,2% dos votos.
Uma sondagem divulgada esta quinta-feira pelo instituto Ipec - Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, indica que Lula da Silva tem 51% das intenções de voto e que Jair Bolsonaro tem 42%.
O presidente do tribunal eleitoral divulgou que irá reunir-se com os procuradores eleitorais e com representantes do Ministério Público para estudar formas mais eficazes de combater o assédio eleitoral nas empresas.
"Alguns patrões estão a pressionar, ameaçar e a atribuir benefícios para que os seus funcionários votem em determinado candidato. Isto é um crime comum e um crime eleitoral", alertou.
De acordo com estatísticas divulgadas esta terça-feira, o Ministério Público Eleitoral está a investigar 197 denúncias de casos de assédio eleitoral, principalmente em empresas do sul e sudeste industrializado do Brasil, onde Bolsonaro tem um maior apoio.
Prefeito e empresário são exemplo de "assédio eleitoral"
Uma das denúncias, apresentada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal central sindical do Brasil e aliada de Lula, baseia-se num áudio em que o prefeito da cidade de Cupira, José María de Macedo, ameaça paralisar as obras na sua área de influência em caso de vitória do líder progressista.
Outro caso de grande repercussão é o da empresa de materiais agrícolas Stara, sediada no Rio Grande do Sul, que divulgou um comunicado em que ameaça reduzir a sua atividade caso Lula seja eleito Presidente.