Eleições nos EUA

Washington sanciona Irão por alegada "tentativa de ingerência" nas eleições norte-americanas

Governo norte-americano preocupado com ingerências externas.

Washington sanciona Irão por alegada "tentativa de ingerência" nas eleições norte-americanas
Leah Millis

Os Estados Unidos sancionaram esta quinta-feira a Guarda Revolucionária do Irão, bem como os media iranianos, por alegada "tentativa de ingerência" nas eleições presidenciais norte-americanas de 3 de novembro.

"O regime iraniano tem como alvo o processo eleitoral dos Estados Unidos com tentativas descaradas de semear a discórida entre os eleitores, espalhando desinformação 'online' e realizando operações mal intencionadas para induzi-los em erro", declarou hoje o Departamento do Tesouro norte-americano.

"Entidades do governo iraniano, disfarçadas de media, têm como alvo os Estados Unidos com o fim de minar o processo democrático" norte-americano, acrescentou.

Exurrada de e-mails intimidatórios enviados a eleitores

Na quarta-feira à noite, numa conferência convocada à pressa, 13 dias antes da eleição, as autoridades norte-americanas acusaram o Irão de estar por trás de uma enxurrada de 'mails' intimidatórios enviados aos eleitores democratas da Florida e de outros Estados muito disputados na tentativa de influenciar as eleições presidenciais.

Endereçados como se fossem da extrema-direita, do grupo pró-Trump Proud Boys, os 'mails' falsos parecem ter o objetivo de intimidar os eleitores.

John Ratcliffe, o diretor das informações nacionais, disse que a intenção era atingir o Presidente norte-americano, Donald Trump, na corrida contra o democrata Joe Biden, embora não tenha precisado como.

Uma das possibilidades é que as mensagens podem ter sido destinadas a alinhar Trump com os Proud Boys na mente dos votantes, depois de ter sido criticado por não ter denunciado inequivocamente o grupo durante o primeiro debate presidencial.

Google diz que filtros impediram envio de 90% dos e-mails

A Google afirmou, num comunicado, que os seus filtros impediram 90% dos cerca de 25.000 mails enviados aos utilizadores de Gmail (conta de 'mail' da tecnológica).

As autoridades não forneceram evidências específicas sobre como chegaram à conclusão do Irão, mas atividades ligadas a Teerão marcariam uma escalada significativa para um país, que segundo alguns especialistas de cibersegurança consideram um jogador de segunda categoria na espionagem 'online'.

Governo norte-americano preocupado com ingerências externas

As alegações evidenciam as preocupações do Governo norte-americano relativamente aos esforços de países estrangeiros em influenciar as eleições através da disseminaçção de falsa informação, com o objetivo de reduzir a participação eleitoral e minar a confiança dos americanos no voto.

Estas tentativas diretas de mudar a opinião pública são mais frequentemente associadas com Moscovo, que conduziu uma campanha secreta nos redes sociais em 2016 com o objetivo de semear a discórida e está novamente a interferir este ano, mas a ideia de que o Irão poderia ser responsável sugere que aquelas táticas estão também a ser adotadas por outros países.

"Estas ações são tentativas desesperadas por adversários desesperados", afirmou Ratcliffe que, com o diretor do FBI, Christopher Wray, insistiu que os Estados Unidos imporão custos a qualquer país estrangeiro que interfira nas eleições de 2020.