Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Eleições nos EUA

DIA D-70: olhem para Geórgia, Pensilvânia e Carolina do Norte

Opinião de Germano Almeida. A manter-se esta tendência, os três Estados que podem tornar-se os mais decisivos entre os decisivos são a Pensilvânia, a Geórgia, e a Carolina do Norte. Não por acaso, são mesmo estes três Estados onde os dois candidatos mais têm andado por estes dias. E é muito provável que por lá continuem.
DIA D-70: olhem para Geórgia, Pensilvânia e Carolina do Norte
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1 – Geórgia, Pensilvânia e Carolina do Norte: de onde virá a surpresa?

Dentro dos sete estados decisivos, há três da Sunbelt, a cintura do Sol: Arizona, Nevada, Geórgia, com forte componente de latinos e, no caso da Geórgia, também de negros, nas zonas urbanas. Depois há os três da Rust Belt, a Cintura da Ferrugem -- Michigan, Wisconsin, Pensilvânia, com maior componente branca, de classe trabalhadora pouco qualificada, sindicalizada, que há alguns anos votava consistentemente democrata, mas que em 2016 preferiu Trump a Hillary. É certo que em 2020 Biden recuperou grande parte desses eleitores para os democratas, mas está longe de ser um dado adquirido que Kamala consiga repetir o feito.

E ainda há a Carolina do Norte, que pode mesmo baralhar as contas: os democratas não vencem uma batalha presidencial nesse estado desde Obama 2008, mas Kamala Harris tem, definitivamente, a Carolina do Norte no seu mapa para a vitória. As sondagens mostram corridas apertadas nos sete estados decisivos, mas, nesta fase pelo menos, surgem como naturais as vitórias de Trump no Nevada e Arizona e de Kamala no Michigan e no Wisconsin.

A manter-se esta tendência, os três estados que podem tornar-se os mais decisivos entre os decisivos são a Pensilvânia (caso Trump lá ganhe; se for Kamala, a eleição é entregue aos democratas), a Geórgia (ligeiríssimo favoritismo Trump, mas Kamala a apostar forte nos condados urbanos de Atlanta) e a Carolina do Norte. Não por acaso, são mesmo estes três estados onde os dois candidatos mais têm andado por estes dias. E é muito provável que por lá continuem.


2 – Trump pode, afinal, não aparecer no debate de 10 de setembro

O candidato republicano deixa no ar a ideia de que pode faltar ao debate com Kamala Harris, marcado para 10 de setembro na ABC. Durante um evento na Virgínia, Trump criticou a “hostilidade” do canal para com os conservadores e criticou o facto de estar a ser contemplada uma mudança nas regras.

"Eu preferiria muito mais fazer isso na NBC. Eu preferiria muito mais fazer isso na CBS. Francamente, acho que a CBS é muito injusta. (...) Certamente faria isso na Fox, eu faria até na CNN. Achei que a CNN nos tratou de forma muito justa da última vez".

A referência foi, obviamente, ao debate que custou a continuidade da candidatura de Joe Biden. A campanha de Kamala pediu à ABC uma mudança para ter direito de resposta imediata.

"Concordamos com as mesmas regras. Não me importo. Provavelmente preferiria que o microfone estivesse ligado, mas o acordo era que seria igual à última vez. Nesse caso, estaria em silêncio", alegou Trump.

A campanha de Donald aproveitou esta questão para voltar a questionar a capacidade da adversária democrata. "Se Kamala Harris não for inteligente o suficiente para repetir os pontos que a sua equipa quer que ela memorize, isso é problema dela. Este parece ser um padrão para a campanha de Harris. Eles não a deixarão dar entrevistas ou conferências de imprensa e agora eles querem dar-lhe notas para ludibriar", disse o porta-voz de Trump, Jason Miller.

Uma interrogação: vai Kamala Harris ter a mesma tração que Joe Biden conseguiu ter em 2020 (e também Raphael Warcock na corrida para o Senado, em 2022), nos condados urbanos de Atlanta e, assim, repetir uma vitória democrata na Geórgia?

Um Estado: Geórgia

- A Geórgia tem 11,1 milhões de habitantes:

  • 61,6% brancos;
  • 18,7% latinos;
  • 12,4% negros;
  • 6,3% asiáticos;
  • 1,1% nativos-americanos;
  • 8.º estado com maior população;
  • 29.º estado mais rico da União

Resultado em 2020: Biden 49,8%- Trump 49,2%

Resultado em 2016: Trump 50,4%-Hillary 45,3%

Resultado em 2012: Romney 53,2%-Obama 45,4%

Resultado em 2008: McCain 52,2%-Obama 47,0%

Resultado em 2004: Bush 58,0%-Kerry 41,4%

O Estado da Geórgia vale 16 votos no Colégio Eleitoral

Uma sondagem:

GÉORGIA -- Trump 47 / Kamala 46

(Focaldata, 6 a 16 agosto)