Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Eleições nos EUA

DIA D-67: Kamala escolheu o centro

Opinião de Germano Almeida. Na primeira entrevista como candidata, com Tim Walz ao lado, Kamala Harris surgiu mais ao centro, afastou-se do "esquerdismo" em que muitos a colocavam até à Convenção. Já o candidato a vice esteve em segundo plano. Será que a entrevista vai alterar alguma coisa na dinâmica desta eleição?
DIA D-67: Kamala escolheu o centro
Elizabeth Frantz

1 - Guinar ao centro e assumir o melhor de Biden

Na primeira entrevista como candidata, com Tim Walz ao lado, Kamala Harris surgiu mais ao centro, afastou-se do “esquerdismo” em que muitos a colocavam até à Convenção. Harris tentou, nesta entrevista à CNN, elogiar Biden mas mostrar que terá ‘nuances’ importantes numa sua futura administração. “Acredito que sou a melhor pessoa para este cargo neste momento”, elaborou, numa suave demarcação de Biden.

Mas Kamala fez questão de lembrar os feitos da Administração Biden, no “Bidenomics” pós-Covid. O posicionamento ao centro de Kamala manifestou-se na defesa do “Fracking” (importante na economia da Pensilvânia), numa visão mais realista da gestão da imigração e no anúncio de que colocará um republicano no seu governo. Kamala insistiu na prioridade de “apoio e reforço à classe média”.

Elizabeth Frantz

“Quando Joe Biden e eu assumimos a pasta, estávamos no pico de uma pandemia. Tinham-se perdido dezenas de milhares de empregos, muitos deles por causa da má gestão de Trump”. Harris lembrou medidas concretas como a criação de um teto para os custos de medicação para idosos e o aumento do número de empregos na área da indústria, classificando-as como “um bom trabalho”.

E sobre querer pôr um republicano na sua administração: "Passei a minha carreira a apelar à diversidade de opiniões. Penso que é importante ter pessoas à mesa, quando estão a ser tomadas algumas das decisões mais importantes, com pontos de vista e experiências diferentes. E penso que seria benéfico para o público americano ter um membro do meu Gabinete que fosse republicano”.

2 – “Os meus valores não mudaram”

O que a terá levado a mudar de posição no “fracking” e na imigração? “É porque tem mais experiência agora e aprendeu mais sobre as informações? É porque estava a concorrer à presidência numa primária democrata? E eles devem sentir-se confortáveis e confiantes de que o que está a dizer agora vai ser a sua política daqui para a frente?”, atirou Dana Bash, jornalista que conduziu a entrevista. “Penso que o aspeto mais importante e mais significativo da minha perspetiva e decisões políticas é que os meus valores não mudaram”, alegou a candidata.

Sobre Israel/Palestina, Harris repetiu exatamente a mesma ideia que tinha afirmado na convenção: “Compromisso inequívoco e inabalável com o direito de Israel a defender-se”, ao mesmo tempo que nota “os muitos palestinianos inocentes que têm sido mortos”. “Temos de chegar a um acordo. Esta guerra tem de acabar e temos de chegar a um acordo para libertar os reféns”, disse.

Tim Walz esteve em segundo plano. Limitou-se a expressar orgulho pelo filho, depois da reação desta na Convenção que se tornou viral; e a justificar algumas polémicas que o têm envolvido, nomeadamente as afirmações de que teria tido experiência de combate como membro da Guarda Nacional e que a sua família recorreu a fertilização in vitro.

Uma interrogação: Será que a primeira entrevista de Kamala Harris como candidata vai alterar alguma coisa na dinâmica desta eleição?

Um Estado: Indiana

- O Indiana tem 6,8 milhões de habitantes:

  • 77,2% brancos,
  • 9,3% negros,
  • 2,8% latinos,
  • 17.º estado com maior população,
  • 37.º estado mais rico da União.

Resultado em 2020: Trump 57,1%-Biden 41,0%

Resultado em 2016: Trump 56,5%-Hillary 37,5%

Resultado em 2012: Romney 54,1%-Obama 43,9%

Resultado em 2008: Obama 49,9%-McCain 48,8%

Resultado em 2004: Bush 59,9%-Kerry 39,3%

O Indiana vale 11 votos no Colégio Eleitoral

Uma sondagem:

Voto popular naciona - Kamala 48 / Trump 47

(Wall Street Journal, 24 a 28 agosto)