Eleições nos EUA

DIA D-66: a eleição está quase a começar

Opinião de Germano Almeida. A grande maioria dos norte-americanos só irá às urnas a 5 de novembro, mas a eleição presidencial EUA 2024 está mesmo perto do seu início. A votação antecipada começa já no dia 6 de setembro. Há quatro anos, isso deu uma grande vantagem a Biden. Será que, desta vez, a candidatura Trump trata este fenómeno de forma mais séria e inteligente, em vez de atirar, irresponsavelmente, a acusação falsa de roubo?
DIA D-66: a eleição está quase a começar
Gene J. Puskar

1 – A eleição está quase a começar

A grande maioria dos norte-americanos só irá às urnas a 5 de novembro, mas a eleição presidencial EUA 2024 está mesmo perto do seu início. A votação antecipada começa já no dia 6 de setembro, próxima sexta-feira, com o envio de boletins para o voto por correspondência na Carolina do Norte, um dos sete estados decisivos. Para pelo menos alguns eleitores dos restantes seis, os boletins serão expedidos até ao fim do mês de setembro.

Quer isto dizer que quando Trump e Kamala se enfrentaram pela primeira vez no dia 10 de setembro, em direto na ABC, isso já não vai contar para uma parte (pequena percentualmente, mas significativa em valores absolutos) do eleitorado que já pode ter exercido o seu direito de voto. Ou seja: quando dizemos que as eleições são a 5 de novembro, na verdade nessa data elas terminam na possibilidade de se exercer o direito de voto, mas significam o fim do período eleitoral de quase dois meses que está quase a começar.

AP

Em alguns estados, o “early vote” por correspondência só é permitido a militares ou pessoas com doenças que impeçam a deslocação aos locais de voto. Mas noutros estados, quase todos os eleitores podem votar pelo correio. Muitos estados expandiram a elegibilidade em 2020, quando a pandemia da Covid-19 tornou mais arriscado votar pessoalmente. Isso levou a que em alguns estados o voto antecipado tenha atingido uma impressionante percentagem de 70% do total de votantes (30% em urna, 40% pelo correio).

Há quatro anos, isso deu uma grande vantagem a Biden. Será que, desta vez, a candidatura Trump trata este fenómeno de forma mais séria e inteligente, em vez de atirar, irresponsavelmente, a acusação falsa de roubo?

2 – Duas corridas diferentes numa só

Sondagem Quinnipiac (23-27 agosto) revela-nos duas realidades claramente identificadas nesta corrida. Se a decisão dos americanos estiver focada no Clima (59-34), nos direitos reprodutivos e direito ao aborto (55-38), na defesa da Democracia (50-45) ou na restrição ao acesso às armas (51-45), Kamala Harris vencerá facilmente. Mas se, por outro lado, o que prevalecer for a Economia (52-46), o combate à inflação (52-45), a Imigração (51-46) ou a guerra em Gaza (49-45), os eleitores dão mostras de confiarem mais em Trump – ainda que os números favoráveis a Kamala sejam mais definidores dos que os que mostram vantagem a Donald.

Também há empate ou tangentes: crime (Kamala 49-48), gerir uma grande crise nacional (Kamala 49-48), guerra Rússia-Ucrânia (Trump 49-48), Supremo (Kamala 49-47). Mas, nestes casos, as diferenças são tão pequenas que não deverão ser estes temas a decidir.

Esta fratura de “duas eleições numa só” revela-se de um modo incrivelmente simétrico na diferença de géneros: as mulheres preferem esmagadoramente Kamala (58-37), os homens dão enorme vantagem a Trump por diferença quase igual (57-39). Os eleitores independentes estão totalmente repartidos: 45-45. Os jovens preferem Kamala por 52-39, os negros por 75-20. Os eleitores Kamala (75%) estão mais entusiasmados que os de Trump (68%).

Uma interrogação: Será que o Wisconsin pode voltar às mãos de Trump, que ganhou lá em 2016 mas perdeu em 2020?

Um Estado: Luisiana

- A Luisiana tem 4,7 milhões de habitantes:

  • 60,3% brancos,
  • 31,9% negros,
  • 1,7% asiáticos,
  • 25.º estado com maior população,
  • 24.º estado mais rico da União.

Resultado em 2020: Trump 58,5%-Biden 39,9%

Resultado em 2016: Trump 58,1%-Hillary 38,5%

Resultado em 2012: Romney 57,8%-Obama 40,6%

Resultado em 2008: McCain 58,6%-Obama 39,9%

Resultado em 2004: Bush 56,7%-Kerry 42,2%

A Luisiana vale oito votos no Colégio Eleitoral

Uma sondagem:

Voto popular nacional - Kamala 48 / Trump 43 / West 2 / Stein 1

(USA Today, 25 a 28 agosto)