Na véspera da votação da despenalização da eutanásia, a SIC foi ouvir as palavras de Joana Silva, que enfrenta uma doença sem cura e espera que desta vez a lei seja promulgada.
A lei já foi travada duas vezes, uma por decisão do Tribunal Constitucional, outra por um veto político do Presidente da República. Joana Silva, de 41 anos, espera que à terceira seja de vez.
Em 2012, soube que sofre de huntington, uma doença degenerativa do sistema nervoso central. Apesar das pedras no caminho, continua a dar a cara pela despenalização da morte medicamente assistida, um direito que sempre defendeu.
Durante mais de uma década, Joana viu o que a doença de huntington fez ao pai.
“Não só o facto de ter acompanhado o meu pai mas também ter acompanhado algumas pessoas com huntington. Eu conheço doentes que estão acamados há 10 anos, ligados a um tubo por respiração artificial, porque de outra maneira não viveriam e não é esse o final de vida que eu espero”, conta Joana Silva.
Questionada sobre que final gostaria de ter, revela que apenas queria ter “uma boa morte”.
"É uma boa morte, uma morte medicamente assistida. Quando os sintomas da doença avançarem e eu já não me reconhecer nos meus comportamentos, já não reconhecer a Joana que está sentada aqui hoje a conversar", refere Joana Silva.
A terceira versão do diploma, aprovada em junho deste ano, deixou cair o conceito de doença fatal, que foi substituído por situação de sofrimento de grande intensidade, de gravidade extrema ou doença grave e incurável.
“É um direito que eu acredito que tenho, é um direito que eu peço que seja revisto, que seja legislado porque a morte acontece de todas as formas, quer esteja na lei ou não”, acrescenta.
A votação, na especialidade, já foi adiada três vezes mas Joana aguarda serenamente pela próxima, prevista para dia nove de dezembro.