Queda do BES

Vítor Bento aponta para indícios de "eventuais violações de normas legais"

O novo presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), Vítor Bento, que substituiu no cargo o líder histórico Ricardo Salgado, admitiu esta quarta-feira a existência de indícios de eventuais violações de normas legais, que serão investigados e denunciados às autoridades.

Vítor Bento deixa ainda uma nota de agradecimento aos colaboradores e aos clientes nacionais e internacionais, "que têm sido tão pacientes nos últimos tempos, enquanto se definia a solução que garantisse uma sólida base financeira para um crescimento futuro".
MIGUEL A. LOPES

"Na medida em que a descrição de alguns dos contributos para esses resultados (relativos ao primeiro semestre) parece indiciar a existência de eventuais  violações de normas legais, tais indícios irão ser devidamente investigados  e, se for o caso, comunicados às autoridades competentes para os fins legalmente  previstos", lê-se num comunicado ao mercado de Vítor Bento.

Num documento estruturado em diversos pontos, o gestor sublinhou que  os prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros se ficam a dever a "eventos  extraordinários não recorrentes", já que, no que toca à atividade corrente,  o BES teria registado um resultado líquido negativo de 255,4 milhões de  euros.

"A extensão destes números não pode ser ignorada e requer ações decisivas  para construir um futuro de longo prazo", afirmou o gestor. 

Daí, além de anunciar que vai avançar imediatamente com um aumento de  capital, Vítor Bento revelou também que a nova equipa de gestão "já iniciou  a preparação de um Plano Estratégico de Restruturação do banco visando a  sua adequação à nova realidade do negócio bancário, nomeadamente em Portugal".

Este plano prevê ainda "uma avaliação exaustiva dos ativos que seja  possível alienar, nomeadamente, mas não só, associados a algumas presenças  internacionais que não sejam estratégicas", informou. 

O responsável assegurou que "as potenciais alienações serão feitas tendo  também em conta a maximização do valor do banco para os seus 'stakeholders'",  realçando que "será sempre salvaguardada a eficácia e a qualidade do serviço  a que o BES acostumou os seus clientes e que o destaca como um prestador  de serviços bancários de elevada qualidade". 

E concluiu: "Em suma, apesar de serem tempos difíceis para os 'stakeholders',  estamos totalmente focados em empreender os passos necessários para obter  a viabilidade e rentabilidade do BES reafirmando-o como uma referência no  futuro". 

O BES apresentou hoje os piores resultados semestrais de sempre, assumindo  um prejuízo de 3,6 mil milhões de euros entre janeiro e junho.

 

Lusa