A investigação do Ministério Público descobriu quatro sacos azuis do Grupo Espírito Santo, que serviriam para pagar aos elementos da alegada rede liderada por Ricardo Salgado.
Milhões de euros foram distribuídos por dezenas de pessoas próximas do banqueiro, muitas com nomes de código.
Durante 20 anos, Jean-Luc Schneider foi o guardião das contas de uma empresa, que vista de fora não existia. Números, nomes, as vezes apelidos ou identidades em código, ficava tudo registado no chamado grand livre, o livro razão em linguagem de contabilidade.
O livro é o ponto de partida para um labirinto de transferências, levantamentos e operações financeiras complexas. Tornou-se na peça central de uma investigação que encontrou dinheiro numa conta e começou a recuar de conta em conta, offshore em offshore ate chegar à origem - uma empresa chamada Espírito Santo Entreprises, o principal saco azul do Grupo Espírito Santo.
- Pargo, Caramujo, Jaguar... quem é quem? Os nomes de código do saco azul do GES
- Esquema do caso BES/GES. De onde vinha o dinheiro e quem o movimentava?
- Quem foi financiado pela sociedade que funcionaria como saco azul do GES?
Os 25 acusados
A acusação do Ministério Público (MP) sobre a queda do Grupo Espírito Santo foi conhecida na terça-feira.
Além do ex-presidente do banco Ricardo Salgado foram ainda acusados José Manuel Espírito Santo; Manuel Fernando Espírito Santo; Amílcar Morais Pires - ex-braço direito do antigo banqueiro; Isabel Almeida, antiga administradora financeira do banco; Francisco Machado da Cruz, antigo contabilista do GES; António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Costa, Cláudia Faria, Pedro Serra, Nuno Escudeiro, Pedro Pinto, Alexandre Cadosch, Michel Creton, João Martins Pereira, João Alexandre Silva e Paulo Jorge.
"A (...) investigação levada a cabo (...) apurou um valor superior a onze mil e oitocentos milhões de euros, em consequência dos factos indiciados, valor que integra o produto de crimes e prejuízos com eles relacionados."