António Costa desvalorizou, esta segunda-feira, as recentes críticas feitas por Cavaco Silva, que considerou a governação socialista “desastrosa”.
À margem de um evento que assinala os 25 anos da Expo 98, em Lisboa, o primeiro-ministro afirmou que olhou para as declarações do antigo chefe de Estado assim como olha para o “frenesim em que a direita anda, de querer criar uma crise política artificial”.
“É nesse quadro que eu vejo as declarações de alguém que foi, de facto, Presidente da República, mas que despiu o fato institucional, próprio, a que muitas vezes nos habituou, como estadista, para vestir a t-shirt de militante partidário e fazer um discurso inflamado para animar as suas hostes partidárias”, afirmou o chefe do Executivo.
Perante a insistência dos jornalistas, António Costa sublinhou que não lhe cabe “cuidar dos interesses partidários da direita portuguesa”, mas sim “do interesse nacional e garantir que os portugueses irão beneficiar das políticas que têm sido seguidas e que têm permitido a economia estar a recuperar”.
Questionado depois sobre a crise política que envolveu o ministro das Infraestruturas, João Galamba, defendeu que “um episódio, por muito deplorável que seja, como foi, não se transforma no principal problema do País”.
"O principal problema do País continua a ser, para as pessoas, a expetativa e a confiança de que a nossa economia vai manter esta trajetória de crescimento, que o emprego vai continuar a crescer, que os rendimentos vão continuar a melhorar, que a inflação vai continuar a baixar, este é que é o centro das preocupações das pessoas e, naturalmente, do Governo", rematou o primeiro-ministro.
Perante uma ideia de um Governo paralisado, face às polémicas que o rodeia, Costa rejeitou-a de imediato, salientando que “o Governo tem uma equipa vasta”.
Voltando a Cavaco Silva, o chefe de Executivo aproveitou para acrescentar que nota alguma “mágoa” no antigo Presidente da República.
"Percebo que alguém que tem muitos anos de militância partidária, que teve a enorme frustração de concluir o seu mandato presidencial dando posse a um governo que, de todo em todo, não desejava dar posse, tenha ficado sempre com esta mágoa e volta e meia despe a sua função institucional e, na sua qualidade partidária, venha alimentar esta ideia", atacou o primeiro-ministro.
Ainda assim, garante que não se sente ofendido e mantém “consideração pessoal” por Cavaco Silva.
“Não me sinto ofendido, faz parte da luta política. Enquanto primeiro-ministro, tenho de me pôr acima desse terreno e focar-me no interesse nacional e dos portugueses”, rematou.