O gabinete do primeiro-ministro israelita acusou esta manhã o Hamas de criar uma "crise de última hora", depois de alegadamente ter tentado alterar pormenores do projeto de cessar-fogo anunciado na quinta-feira pelo Qatar. Para Maria João Tomás, o entrave pode estar relacionado com a libertação de Marwan Barghouti, “o grande prisioneiro que pode fazer a união entre a Fatah na Cisjordânia e o Hamas em Gaza", ou seja, um possível “conciliador”.
"É preciso ter cautela, Trump está a embandeirar em arco, quer fica com os trunfos disto tudo, mas o Hamas, na figura do seu segundo, do segundo a Shura Council é uma espécie de conselho que o Hamas tem. Não há neste momento um líder do Hamas, há sim um líder sombra que é o presidente do conselho, da Shura, que é o irmão do Sinwar, mas o vice que falou hoje de manhã, que é um senhor chamado Aya, veio dizer que ainda há pormenores que têm que ser vistos", explica a comentadora da SIC.
Maria João Tomás sublinha que Marwan Barghouti não estava na lista da libertação dos prisioneiros de Israel e que esse poderá ser o ponto de discórdia.
“Já aconteceu isto no passado, em 2011, quando foi da libertação do soldado Shalit, onde foram libertados mil prisioneiros, entre os quais o Sinwar, este não estava incluído”.
“Há outro pormenor interessante no discurso de Aya, que é que quer o reconhecimento da Palestina antes das fronteiras de 67 (…) Isto quer dizer que reconhece o Estado de Israel”, realça também a especialista, que recomenda cautela e atenção aos próximos desenvolvimentos, mas apesar destes contratempos, afirma: “Tenho esperança que avance no domingo”, diz sobre a dia previsto para confirmação do acordo de cessar-fogo.