“O Governo Netanyahu precisa de enterrar este acordo e voltar à guerra para se manter no poder”, considera o comentador da SIC, Daniel Pinéu. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que ordenou os ataques contra a Faixa de Gaza, esta terça-feira, devido à falta de progressos nas negociações em curso para prolongar o cessar-fogo.
"Aquilo que vimos foi o Governo a começar a colapsar, saiu um dos seus parceiros de coligação mais importantes, o outro dizia que saía se não houvesse uma resolução militar do conflito em vez de um acordo. Nenhum dos parceiros de coligação, nem Netanyahu, queria chegar à segunda fase completa, que tinha também a retirada de todas as tropas de Gaza, muito menos à terceira fase, que teria a negociação mais permanente sobre a reconstrução de Gaza e uma solução política, e isso tinha-se vindo a ver quando Israel foi adicionando elementos à negociação, mudando os termos do acordo", explica Daniel Pinéu.
O comentador da SIC acrescenta que os Estados Unidos avançaram também que nunca falariam com o Hamas diretamente, a não ser que o Hamas renunciasse a toda a violência e entrasse num processo político.
"Os Estados Unidos falaram diretamente com o Hamas para chegar a algum tipo de acordo e o Hamas não transigiu na alteração das condições, mas mostrou-se disponível para uma extensão do acordo e novas negociações", refere.
Após os ataques, o ministro da Defesa de Israel anunciou que o país "retomou os combates" na Faixa de Gaza até que todos os reféns ainda retidos pelo Hamas sejam libertados. Num comunicado, o ministro Israel Katz disse que "as portas do inferno se abrirão em Gaza" se os reféns não forem libertados.
Na opinião de Daniel Pinéu, "o que estamos a ver é uma espécie de um cocktail perfeito em que Israel está a dizer que está a fazer isto para libertar os reféns, quando na verdade aquilo que estava a acontecer era a libertação dos reféns e isto vem impedir a passagem para a próxima fase e mais libertação de mais reféns".
Na análise à atualidade internacional, aborda também outro tema do dia, que é a conversa telefónica que vai acontecer esta tarde entre Vladimir Putin e Donald Trump.