As novas regras impostas por Israel para a distribuição de alimentos aos palestinianos provocaram mais vítimas na manhã deste domingo. Minutos depois de a entrega de comida começar, soldados israelitas abriram fogo sobre a multidão. Pelo menos quatro pessoas morreram, mas o exército israelita alega que os disparos foram apenas tiros de aviso.
Khaled Doghmah, um homem de 36 anos e pai de cinco filhos, arriscou-se a percorrer os quase nove quilómetros de território de guerra entre Khan Younis, no sul de Gaza, e Rafah, cidade palestiniana que faz fronteira com o Egito. O irmão pediu-lhe para não ir, mas Khaled, recorda Hazem Jorani, já não conseguia suportar o choro faminto dos filhos.
Em Khan Younis, todos se perguntam a mesma coisa: "Por que dispararam contra nós, se estávamos apenas a seguir as regras deles para irmos buscar comida?"
A organização responsável pela distribuição dos alimentos, uma entidade operada por norte-americanos contratados por Israel, não comentou as mortes. O exército israelita limita-se a afirmar que disparou apenas tiros de aviso para o ar.
A morte de mais quatro pessoas em Gaza eleva o número de vítimas mortais já registadas pelas autoridades palestinianas para 54 mil.
Mais mortes e protestos em Israel
O sargento israelita Yoav Raver morreu na mesma cidade onde Khaled vivia. Ele e outros três militares do exército israelita estavam à procura de um complexo do Hamas em Khan Younis quando uma bomba explodiu.
A guerra, como escreveu a repórter de guerra Martha Gellhorn, é uma horrível repetição perdem sempre os mesmos, ganham sempre os mesmos.
Em Israel, milhares de cidadãos encheram as ruas de Telavive em protesto contra o governo de Benjamin Netanyahu. Exigem a libertação dos 55 reféns ainda em cativeiro e o fim da guerra em Gaza.
Um homem e um governo não fazem um país. Essas imagens, dizem os manifestantes, são símbolos que tentam parar a guerra no lado de onde vêm as balas.
Missão de paz e bloqueio a Gaza
Pelo mar, uma missão de paz com Greta Thunberg na capa está prestes a chegar a Gaza. Contudo, o governo de Netanyahu já declarou que a entrada no território será vedada.