Um hospital pediátrico foi bombardeado por forças israelitas em Gaza na última noite. A informação é avançada pelo Ministério da Saúde de Gaza que indica que os pisos superiores do hospital Al-Rantisi, na Cidade de Gaza, norte do enclave palestiniano, foram atacados três vezes.
No momento do ataque, a unidade hospitalar tinha 80 doentes em tratamento, 40 dos quais foram retirados, mas há ainda outros 40 doentes e acompanhantes, no local, além de 12 em cuidados intensivos e 30 funcionários. O Ministério da Saúde não divulgou números de eventuais feridos ou mortos.
O Hospital Al-Rantisi era o último centro médico especializado em pediatria na capital de Gaza, disponibilizando serviços de oncologia, diálise e outros especializados para doenças respiratórias e digestivas.
A mesma instalação dispunha também de quatro unidades de cuidados intensivos pediátricos e oito unidades de cuidados intensivos neonatais.
Segundo fontes consultadas pela agência espanhola EFE, o Exército israelita utilizou aparelhos aéreos não tripulados (drones) no ataque contra o edifício do hospital.
O centro, assim como os restantes hospitais em funcionamento na capital da Faixa de Gaza, estava sobrelotado devido à ofensiva israelita contra a cidade.
Bombardeamentos afetaram telecomunicações
As ligações à internet e telefónicas foram também interrompidas esta quarta-feira depois de a rede de telecomunicações ter sido atingida por ataques do Exército israelita, disseram as autoridades controladas pelo grupo islamita Hamas.
A Comissão Reguladora de Telecomunicações de Gaza, citada pela agência palestiniana Wafa, disse que a rede de comunicações na região a norte da capital do enclave também foi afetada.
Nos últimos dois anos, os bombardeamentos regulares do exército israelita paralisaram repetidamente as telecomunicações em Gaza.
150 alvos na cidade de Gaza em dois dias
Só nos últimos dois dias, o exército de Israel atacou 150 alvos na cidade de Gaza para apoiar as manobras das tropas na capital, segundo anunciaram os militares israelitas num comunicado.
"Nos últimos dois dias, as Forças Aéreas e os corpos de artilharia atacaram cerca de 150 alvos terroristas ao longo da cidade de Gaza, em apoio às tropas que manobram na área", afirmou o exército.
Só durante a noite, a aviação israelita bombardeou 50 posições em toda a Faixa de Gaza, a maioria na cidade de Gaza, informou o jornal The Times of Israel, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
As forças armadas de Israel classificam como terrorista tudo o que está ligado às milícias palestinianas ou, por vezes, aos indivíduos palestinianos que atacam israelitas, mesmo sem terem qualquer ligação a grupos armados.
Um porta-voz militar assegurou em conversas prévias com a EFE que o exército pode considerar como "infraestruturas terroristas" habitações civis nas quais registaram o trânsito de indivíduos ligados às milícias.
"Na segunda-feira, o exército atacou uma instalação de produção de armas ligada ao quartel-general de produção do Hamas na zona da cidade de Gaza", segundo o comunicado sobre as operações da última semana.
As forças armadas disseram que no edifício atacado havia operacionais do grupo extremista Hamas que estavam a fabricar explosivos.
"Como resultado, foram identificadas explosões secundárias, indicando a presença de armas na instalação", acrescentaram.
As forças israelitas destruíram nas últimas semanas os edifícios mais altos da cidade de Gaza, que às vezes abrigavam refugiados.
Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações internacionais e um número crescente de países classificam como genocídio a ofensiva militar israelita contra a Faixa de Gaza, que causou cerca de 65.000 mortos.
A ofensiva seguiu-se aos ataques do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que provocaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Israel intensificou bombardeamentos
Israel intensificou os bombardeamentos contra a capital no quadro da operação militar terrestre contra a cidade.
Os carros de combate avançaram gradualmente dos arredores para consolidar posições israelitas e forçaram a população a deslocar-se para sul.
Cerca de um milhão de pessoas estava concentrada na Cidade de Gaza em meados de agosto, quando o Exército aumentou a frequência e a intensidade dos bombardeamentos contra a capital do território.
As Forças Armadas israelitas afirmaram que cerca de 350 mil pessoas abandonaram a cidade.
Os dados das Nações Unidas limitaram o número de deslocados a cerca de 190 mil.