O Kremlin reconheceu esta segunda-feira a independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. O Presidente russo já assinou o decreto que reconhece Donetsk e Lugansk como regiões independentes.
Num discurso à Nação, Vladimir Putin justificou a decisão de reconhecer a soberania de Donetsk e Lugansk, dizendo foi tomada em defesa das populações da região de maioria russa.
Putin informou Macron e o chanceler alemão
Putin informou o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, mediadores do conflito no leste da Ucrânia, desta decisão, tendo estes reagido expressando a sua “deceção”.
O Presidente francês vai reunir o Conselho de Segurança Nacional de Emergência para discutir a decisão russa.
Vladimir Putin já tinha anunciado, horas antes, que iria decidir hoje sobre o reconhecimento da independência das regiões separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia, apesar das ameaças de retaliação por parte dos países ocidentais, se o Presidente russo tomasse essa decisão.
O que muda?
O reconhecimento diz respeito à independência de dois territórios pró-russos do Donbass ucraniano, que se autoproclamaram repúblicas, Donetsk e Lugansk, onde decorre um conflito há oito anos que já provocou mais de 14 mil mortes.
Um reconhecimento por parte de Moscovo destas repúblicas provoca um curto-circuito no processo de paz resultante dos acordos de Minsk de 2015, assinados pela Rússia e pela Ucrânia, sob mediação franco-alemã, já que estes visavam, precisamente, um regresso dos territórios à soberania ucraniana.
A decisão de Putin também pode abrir caminho a um pedido de assistência militar à Rússia por parte desses territórios, conduzindo à entrada justificada de forças russas nessas regiões, dando razão aos países ocidentais que acusam Moscovo de estar a preparar uma invasão da Ucrânia, junto a cujas fronteiras já posicionaram mais de 150.000 soldados.
Von der Leyen promete reação firme da UE
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, considera a decisão de Moscovo uma “violação flagrante do direito internacional, da integridade territorial da Ucrânia e dos acordos de Minsk”.
No Twitter, garantiu que a União Europeia e os parceiros vão reagir com “firmeza e determinação”, apoiando a Ucrânia.
The recognition of the two separatist territories in #Ukraine is a blatant violation of international law, the territorial integrity of Ukraine and the #Minsk agreements.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 21, 2022
The EU and its partners will react with unity, firmness and with determination in solidarity with Ukraine.
Boris Johnson fala em “flagrante violação da independência da Ucrânia”
Em conferência de imprensa, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson afirmou que a decisão de Putin é uma “flagrante violação da independência da Ucrânia” e um “repúdio pelo acordo de Minsk”.
“É mais uma indicação que as coisas estão a ir na direção errada”, disse Boris Johnson, garantindo que o Reino Unido irá continuar a apoiar a Ucrânia.
Boris Johnson prometeu ainda pressionar a Rússia com sanções.
Líderes de Donetsk e Lugansk querem poder contrariar “a agressão das autoridades ucranianas”
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL) pediram esta segunda-feira ao Presidente russo para as reconhecer como Estados independentes.
O pedido, feito através de mensagens transmitidas pelo canal de televisão russo Rossiya 24, foi feito pelo líder da RPD, Denis Pushilin, e pelo líder da RPL, Leonid Pasechnik.
“Em nome de todos os povos da república popular de Donestk, pedimos-lhe que reconheça a república popular de Donetsk como um Estado independente, democrático, social e legal”, afirmou Pushilin.
O responsável argumentou o pedido de reconhecimento com a necessidade de adquirir o estatuto de sujeito internacional para “poder contrariar totalmente a agressão militar das autoridades ucranianas e evitar vítimas entre a população civil e a destruição de infraestruturas”.
“Caro Vladimir Vladimirovich (nome do meio de Putin), a fim de evitar a morte em massa dos habitantes da república, peço-lhe para reconhecer a soberania e independência da república popular de Lugansk”, disse por sua vez Pasechnik.