As autoridades ucranianas relataram esta quarta-feira de manhã que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica não conseguem chegar à central nuclear de Zaporíjia, devido a bombardeamentos russos na rota pré-acordada que os peritos iriam fazer.
O relato foi feito pelo autarca local, Dmytro Orlov, através de uma publicação na rede social Telegram.
"Exigimos que a Federação Russa pare as provocações e garanta à IAEA (Agência Internacional de Energia Atómica) uma passagem desempedida até às instalações nucleares ucranianas. "
Por outro lado, o Ministério da Defesa russo acusou as forças ucranianas de tentarem retomar o controlo da central nuclear, esta manhã.
O Kremlin afirmou que cerca de 60 soldados da Ucrânia atravessaram o rio Dnipro, que divide o território dos dois lados, em barcos.
Citado pela Sky News, o ministério acusou ainda a Ucrânia de tentar interromper a visita planeada dos inspetores da IAEA à central nuclear e anunciou que foram tomadas medidas para "destruir" as forças adversárias.
A central nuclear de Zaporíjia situa-se na cidade de Enerhodar e está, atualmente, ocupada pelas forças russas desde a invasão da Rússia à Ucrânia.
Os dois lados do conflito acordaram que uma missão da IAEA visitasse a central, numa altura de preocupação internacional. Teme-se que os ataques russos e a resposta ucraniana coloquem em risco a maior central nuclear da Europa com consequências devastadoras.
“O risco existe”
O comentador da SIC Germano Almeida diz que a segurança dos peritos de agência que vão entrar na central não está garantida.
"O que aconteceu mostra que o risco ali existe porque a questão não está só na segurança da central, a questão é que a central é um instrumento de guerra para os russos. Porquê? Porque a Rússia quer tirar à Ucrânia o controlo da central e o que ela significa", afirmou.
Germano Almeida alega que a Rússia está a querer fazer "um estrangulamento económico" à Ucrânia.
Agência para a Energia Atómica já está em Zaporíjia: quanto tempo irá ficar e o que vai esclarecer?
José Milhazes, comentador SIC, sublinha que não se sabe “durante quanto tempo” a delegação vai permanecer em Zaporíjia e “o que vai esclarecer”. O comentador SIC lembra que o dirigente da comissão “tinha dito que queria que aí ficassem permanentemente observadores dessa agência”, mas que a Rússia quer que permaneçam apenas alguns dias.
“Um dos enigmas maiores – que não sei se esta delegação conseguirá detetar – é quem é que ataca e bombardeia a central. Porque os ucranianos acusam os russo; os russos por sua vez fazem acusações exatamente iguais em relação à parte ucraniana”, afirma Milhazes.
O comentador SIC considera que a desmilitarização total da central nuclear e da região limítrofe – que é “um dos objetivos ucranianos” – “certamente que não será conseguido”.
“Essa é uma das exigências da Ucrânia que a Rússia diz que não irá aceitar porque, diz a Rússia, sem o domínio russo na central, haverá um perigo real que aconteça alguma catástrofe nesta central nuclear.”