Guerra Rússia-Ucrânia

Grávida de seis meses entre as vítimas nos ataques russos em Kiev

Rússia insiste que está a atingir apenas alvos militares e infraestruturas de energia.

Grávida de seis meses entre as vítimas nos ataques russos em Kiev
GLEB GARANICH

As autoridades ucranianas voltaram a atualizar o número de mortos nos ataques russos desta segunda-feira em Kiev. O último balanço aponta para quatro vítimas, incluindo uma mulher grávida de seis meses, avança a Reuters.

Esta mulher e o marido, segundo o autarca da cidade, estavam em casa quando o bloco de apartamentos onde viviam foi atingido por um drone iraniano. O casal não resistiu ao impacto.

Os ataques desta segunda-feira prolongaram-se ao longo da manhã e atingiram habitações, lojas, escritórios, edifícios e transportes públicos.

Estes novos ataques acontecem exatamente uma semana após várias cidades ucranianas terem sido bombardeadas.

Há uma semana morreram 19 civis e esta segunda-feira há já pelo menos quatro vítimas. No entanto, a Rússia insiste na tese de que está a atingir apenas alvos militares e infraestruturas de energia.

“Nunca tive tanto medo, ainda estou a tremer”

Vitaliy Dushevskiy, de 29 anos, vive no centro de Kiev, e conta que "nunca teve tanto medo": "Estamos todos tão abalados que nem sabemos o que fazer".

O colega de casa explica que quando tentaram sair do apartamento já não existiam escadas no prédio. Ficaram presos: "Os bombeiros vieram e usaram uma escada para nos resgatar um a um. Foi horrível".

O autarca da capital ucraniana acusa a Rússia de "criar uma catástrofe humanitária" em Kiev e de matar vários civis que estavam dentro de apartamentos atingidos por ataques.

Elena Mazur, assim que se recebeu um telefonema da mãe a dizer que estava presa nos escombros do prédio onde vivia, correu para o local. Até agora ainda não a conseguiu localizar, porém tem informação que houve alguém a ser transportado para o hospital e tem esperança que tenha sido a sua mãe.

"Disseram-nos que alguém foi levado para o hospital, pode ter sido ela, mas não sabemos. Ela não está a atender o telefone", disse Mazur.

Alla Voloshko, de 47 anos, contou à Reuters que vai ficar em Kiev até conseguir: "Estou calma. Vamos ficar em casa, vamos ficar em Kiev enquanto for possível". A advogada, de 47 anos, ironizou ainda que "é já uma tradição acordar os ucranianos com mísseis às segundas-feiras".

Edifício atingido por drones em Kiev.
STRINGER

Um repórter da Reuters testemunhou pedaços de um drone, utilizado nos ataques que trazia escrito: "Por Belgorod". O governador desta região russa tem acusado a Ucrânia de bombardear repetidamente a região.

Noutras cidades ucranianas há também relatos de ataques russos e várias mortes, mas ainda não há um balanço oficial. O Presidente Volodymyr Zelensky voltou a acusar a Rússia de aterrorizar civis com drones e mísseis, mas garante que a Ucrânia "prevalecerá".

Nas últimas horas, as forças russas atacaram ainda instalações energéticas em três regiões do país, disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, referindo "cinco ataques com drones" em Kiev e "ataques com mísseis" nas regiões de Dnipropetrovsk (centro-leste) e Sumy (nordeste).

"Centenas de localidades estão sem eletricidade", disse Chmygal, citado pela agência francesa AFP.