O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu esta segunda-feira que “não tem interesse” em absorver “ninguém”, após um encontro com o homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, em Minsk.
Na conferência de imprensa após o encontro, Putin fez questão de mencionar os laços estreitos de cooperação entre os dois países, destacando a colaboração técnico-militar, com “fornecimentos mútuos” e a aposta conjunta na “indústria de alta tecnologia”.
Também em declarações aos jornalistas, Alexander Lukashenko garantiu que tanto a Rússia como a Bielorrússia estão abertas ao diálogo com outros estados, incluindo os europeus.
“Espero que, em breve, eles [países europeus] ouçam a voz da razão e passemos a uma discussão construtiva sobre questões de segurança e da futura ordem mundial”, afirmou.
Lukashenko sublinhou que "defender a democracia e o progresso através da utilização de restrições e da força militar já nem impressiona os seus próprios eleitores que conhecem agora todas as consequências e deficiências desse comportamento".
"O fortalecimento das relações entre a Bielorrússia e a Rússia é uma resposta à situação mundial em mutação, na qual nos colocam constantemente à prova e nos medem pela nossa força", considerou.
"Julgo que apesar de ainda existirem alguns artistas, continuaremos a garantir respostas eficazes aos desafios e ameaças" existentes, prosseguiu.
Lukashenko destacou a "correta" decisão de impulsionar a integração dos dois países no Estado da União, numa "demonstração a todo o mundo que apenas junto é possível superar as pandemias, as crises ou as sanções".
"Este momento complicado torna necessário demonstrar vontade política e compromisso para garantir resultados em todos os âmbitos da agenda bilateral (...). Não podemos de qualquer modo repetir os erros registados após o colapso da União Soviética", frisou.
Nesse sentido, reconheceu que foram "esgotadas as opções de negociação" bilateral em níveis inferiores.
"Os governos creem que é possível um acordo em questões individuais sem ti, Vladimir Vladimirovich [Putin], e sem mim. Esse é o motivo da nossa reunião de hoje. Trataremos estes temas de novo e detalhadamente e tomaremos as decisões políticas necessárias", observou.
As conversações entre os dois líderes iniciaram-se com uma reunião na qual participaram os ministros e outros dirigentes dos dois países.
Putin e Lukashenko sentados lado a lado
A agência Belta destacou que Putin e Lukashenko se sentaram desta vez lado a lado e não nos lados opostos da mesa, considerando este gesto de "especial simbolismo" porque "enfatiza a natureza amistosa e aliada das relações bielorrussas-russas".
Por sua vez, Putin confirmou o compromisso russo para colaborar com Minsk no âmbito nuclear e destacou o crescente comércio bilateral e que poderá envolver em breve 40 mil milhões de dólares (37,7 mil milhões de euros) contra 38,5 mil milhões de dólares em 2021.
"A Bielorrússia não é apenas um bom vizinho com quem colaboramos tendo em consideração os interesses mútuos, mas é ainda nosso aliado no sentido mais autêntico da palavra", apontou Putin.
Entre as principais áreas da relação bilateral, citou a segurança e a cooperação a nível internacional.
"Em geral, estamos satisfeitos com as nossas relações", reafirmou.
Vladimir Putin viajou hoje para a Bielorrúsia onde se encontrou com Alexander Lukashenko, que considera ser o seu principal aliado. Há dois anos e meio que o presidente da Rússia não visitava o país.
A visita acontece numa altura em que as autoridades ucranianas temem uma nova ofensiva russa sobre Kiev, lançada a partir da Bielorrússia. O Kremlin diz que a ideia é infundada.
Embora sem um papel ativo na Guerra, a Bielorrússia tem estado sempre ao lado da Rússia: permitiu, por exemplo, treinos militares russos no próprio território no início do conflito.