Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Guerra Rússia-Ucrânia

Compreender o conflito: o verdadeiro risco seria não armar a Ucrânia

Um artigo de Germano Almeida, comentador SIC.

Compreender o conflito: o verdadeiro risco seria não armar a Ucrânia
Efrem Lukatsky/AP

1 – O verdadeiro risco seria não armar

O risco em não armar a Ucrânia é maior do que o que de armar. Faz-se um grande foco na questão: o que é que os russos vão pensar? Os russos estão a agredir a Ucrânia há 11 meses e uma semana. O verdadeiro risco está na demora e não na decisão. Temo que esta decisão, de enviar os tanques de combate, chegue tarde demais à Ucrânia. Sabemos que a Ucrânia precisava disto. No entanto, sendo positiva, esta decisão não será suficiente.

Há uma questão de calendário, o impacto só se vai sentir no terreno a partir do mês de abril. A ofensiva que deveria acontecer em abril, será antecipada pelos russos que vão aproveitar a vantagem competitiva, pelo facto dos ucranianos ainda não terem recebido os tanques. Para mais, o fundo de 100 mil milhões de euros para modernizar o exército alemão, anunciado por Scholz ao dia 3 da invasão russa, “não será suficiente”, advertiu o novo ministro da Defesa alemão. E depois de prometer o envio de tanques para a Ucrânia, a Alemanha afastou a possibilidade de fornecer caças, um dos novos objetivos de Kiev. Boris Pistorius afirmou que a “hipótese está fora de questão” .

2 – Rússia prepara nova onda de mobilizações

A Rússia prepara nova onda de mobilizações. Segundo a defesa britânica, alguns migrantes do Quirguistão na Rússia estão a ser impedidos de regressar ao seu país e a ser informados que estão em “listas de mobilização”. O Ministério recorda ainda uma declaração de Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, que disse a 23 de janeiro que o decreto de “mobilização parcial” permanece em vigor de modo a apoiar “o trabalho das forças armadas”.


3 – Empresa russa oferece recompensa de 66 mil euros aos primeiros soldados que destruam tanques ocidentais na Ucrânia

A Fores, uma empresa russa ligada ao setor da energia, planeia oferecer uma recompensa de 66 mil euros aos primeiros soldados russos que destruam ou capturem um tanque de fabrico ocidental na Ucrânia, ao que se somarão recompensas de 6,6 mil euros por cada ataque subsequente. A declaração da empresa surge no seguimento do anúncio de vários países ocidentais, entre eles os EUA, Canadá e a Alemanha, de que irão fornecer tanques de combate a Kiev nos próximos meses, uma decisão interpretada pelo Kremlin como uma escalada no conflito.


4 – Medidas excecionais em tempos de guerra

Os estudantes das escolas secundárias da Rússia vão começar a receber uma introdução ao treino militar a partir de setembro deste ano, destaca o Ministério da Defesa britânico. A Ucrânia impôs sanções a 182 empresas russas e bielorrussas e a três pessoas, numa nova ação de Zelensky de tentar bloquear as ligações entre os dois países à Ucrânia. Kiev também estendeu a proibição de saída do país mesmo a funcionários públicos que não estejam aptos para o serviço militar.


5 – Sistema elétrico da Ucrânia sofre de um “défice significativo” devido aos tanques aéreos russos

A Comissão Europeia vai enviar 50 milhões de lâmpadas LED para a Ucrânia para substituir lâmpadas velhas ou danificadas na sequência de ataques russos e “devolver a luz à Ucrânia”, noticia a Sky News. “Estas lâmpadas LED serão vitais para reduzir a pressão sobre a rede elétrica ucraniana, deliberadamente visada pela Rússia”, disse a CE no Twitter.

6 – Zelensky visita soldados feridos

O Presidente da Ucrânia recebeu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, na cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia. Em Mykolaiv, Zelensky e Frederiksen visitaram feridos de guerra ucranianos num hospital, em mais uma prova da política de proximidade que Zelensky tem vindo a adotar desde o início da guerra, em claro contraste com o comportamento de Putin.


7 - NATO pede à Coreia do Sul para aumentar ajuda

O secretário-geral da NATO pediu à Coreia do Sul para intensificar a ajuda militar à Ucrânia, sugerindo uma revisão da política de não fornecer armas a países em guerra. "Se acreditamos na liberdade, se acreditamos na democracia, se não queremos que as autocracias e o totalitarismo prevaleçam, então eles precisam de armas", disse Jens Stoltenberg, no Instituto Chey, na capital sul-coreana.

Stoltenberg encontrou-se no domingo com responsáveis governamentais sul-coreanos, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Park Jin, no âmbito de uma viagem para reforçar os laços entre a NATO e os aliados na Ásia. A Coreia do Sul é um exportador global de armas cada vez mais importante e recentemente rubricou contratos para vender várias centenas de tanques a países europeus, incluindo a Polónia, membro da NATO.

8 – Stoltenberg alerta para apoio da Coreia do Norte à Rússia

O secretário-geral da NATO disse que o apoio da Coreia do Norte à Rússia na guerra da Ucrânia reforça a necessidade de o resto do mundo permanecer "interligado" para garantir a segurança. “Acredito que, num mundo mais imprevisível e incerto, é ainda mais importante para os países que acreditam na liberdade e na democracia, numa ordem internacional baseada em regras, manterem-se unidos", disse Jens Stoltenberg durante o seu encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros sul-coreano, Park Jin-in, em Seul.

Stoltenberg mostrou preocupação perante os ensaios imprudentes de mísseis e programas nucleares da Coreia do Norte" e acrescentou que Pyongyang "está a prestar apoio militar aos esforços de guerra com rockets e mísseis russos". As observações do responsável da NATO surgem após uma dirigente norte-coreana, irmã de Kim, ter negado que o seu país tinha fornecido armas à Rússia e avisado os Estados Unidos de um "resultado indesejável", caso continuasse a espalhar tais rumores.


9 – Rússia quer elevar relações com a China para um “novo nível”

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, liderado por Lavrov, disse que a Rússia "está convencida de que o potencial de cooperação bilateral russo-chinês ainda está longe de estar esgotado", acrescentando que pretende alcançar 200 mil milhões de dólares em comércio entre os dois países, um objetivo há muito pretendido.

As declarações surgem na sequência de uma notícia do jornal russo Vedomosti, que dava conta de que Wang Yi, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês e agora líder da secção diplomática do Partido Comunista Chinês, irá visitar Moscovo em fevereiro. Instado a comentar, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse não ter conhecimento de qualquer visita de Yi à Rússia. Entretanto, Blinken, chefe da diplomacia norte-americana, tem viagem prevista a Pequim a 5 e 6 de fevereiro, já este domingo e segunda-feira.

10 – Mais de cinco milhões de crianças ucranianas com a edução em risco

A UNICEF alertou para o facto de que 11 meses de guerra russa na Ucrânia perturbaram a educação de mais de cinco milhões de crianças, apelando a mais “apoio para assegurar oportunidades de aprendizagem” no país e nos de acolhimento. O Fundo das Nações Unidas para a Infância veio chamar a atenção para a importância de “um maior apoio internacional para garantir que as crianças não ficam mais para trás”, recordando que “o impacto de 11 meses de conflito veio agravar os dois anos de aprendizagem perdidos devido à pandemia de covid-19” e as consequências de “mais de oito anos de guerra para as crianças do leste da Ucrânia”.

“As escolas e outras entidades de educação de ensino pré-escolar proporcionam um sentido essencial de rotina e segurança às crianças, e a falta de aprendizagem pode ter consequências para toda a vida”. Segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados, o ACNUR, houve 17,9 milhões de passagens de fronteira para fora da Ucrânia desde que a invasão russa começou em 24 de fevereiro. Muitas pessoas procuraram refúgio nos países vizinhos.

Os últimos números apurados revelam 9.182,436 passagens para a Polónia, 1.870,837 para a Roménia, 2.852,395 para a Rússia, 2.117,868 para a Hungria, 1.127,957 para a Eslováquia, 755,368 para a Moldávia, e 16,705 para a Bielorrússia. A maioria dos refugiados e desalojados são mulheres e crianças. Os homens com idades entre os 16 e os 60 têm permanecido na Ucrânia para combaterem.