Guerra Rússia-Ucrânia

Proprietário do Grupo Wagner acusado de crimes de guerra na Ucrânia

O grupo Wagner é um grupo privado, criado por um homem de confiança do Presidente Vladimir Putin, que se dedica a combater em conflitos nos quais a Rússia é parte interessada.

Soldado à saída da sede do grupo Wagner, na Rússia.
Soldado à saída da sede do grupo Wagner, na Rússia.
IGOR RUSSAK

As autoridades ucranianas acusaram esta sexta-feira o proprietário do Grupo Wagner, o oligarca russo Yevgeni Prigozhin, de ser "responsável direto por milhares de crimes de guerra", sublinhando que investigam o seu papel no conflito na Ucrânia.

Numa mensagem publicada na rede social Facebook, o procurador-geral de Justiça da Ucrânia, Andriy Kostin, defendeu que "chegou o momento de acabar com os atos sangrentos dos russos, que agem ao serviço de um grupo com o nome de um compositor famoso [o alemão Richard Wagner]", referindo que Prigozhin "recrutou e treinou subordinados para usar no conflito da Ucrânia".

"Tudo isto aconteceu com o total apoio do atual regime russo", afirmou, lembrando que o chefe do Grupo Wagner "admite abertamente o seu papel na guerra da Ucrânia e, com a autorização do Kremlin [presidência russa], resolve questões de [falta de] pessoal através do recrutamento de dezenas de milhares de reclusos".

Kostin lamentou que Prighozin "tenha sido condenado por roubo na Rússia e seja hoje um herói" e parte da "elite criminosa de um regime terrorista".

"Os outros 'wagnerianos' também não se esquivarão das suas responsabilidades, incluindo os que fugiram do país", garantiu o procurador, acrescentando que estão a ser interrogados dois destes combatentes que estão em países da União Europeia.

"Estou convencido de que, juntamente com os parceiros internacionais, garantiremos a responsabilização cabal de todos os criminosos que vieram para a nossa terra com armas nas mãos, assim como os seus patrões, que fazem negócios com sangue. O martelo da Justiça será sempre mais forte que o martelo da anarquia", concluiu.

O grupo mercenário Wagner, ligado à presidência russa, tem sido acusado de recrutar reclusos russos e ucranianos que foram transferidos para prisões russas para irem para a frente de combate.

Muitos destes ex-reclusos - que aceitaram ir combater na guerra em troca de serem libertados das prisões - formam, de acordo com os serviços secretos ucranianos, a primeira linha de ataque e constituem 80 por cento das baixas registadas pela Rússia.

A organização de direitos dos prisioneiros russos Rus Sidiaschaya (RS) refere que cerca de 40.000 reclusos recrutados pelo grupo mercenário Wagner foram mortos, abandonados, feridos ou capturados como prisioneiros na Ucrânia.

Andrei Medvedev, ex-comandante do grupo Wagner
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O grupo Wagner é um grupo privado, criado por um homem de confiança do Presidente Vladimir Putin, que se dedica a combater em conflitos nos quais a Rússia é parte interessada.

Tornou-se influente em África, onde tem promovido a desinformação russa, construindo alianças com governos e obtendo acesso a petróleo, gás, ouro, diamantes e minerais valiosos.

O grupo mercenário instalou-se, nas últimas semanas, na parte oriental da Ucrânia, na região do Dombass, onde, segundo Moscovo, está a conseguir avanços significativos para o exército russo.