Guerra Rússia-Ucrânia

Putin anuncia programa para desenvolvimento da tecnologia de drones

No final de 2022, o exército russo já garantia que cada pelotão tivesse um drone para combater. O anúncio deste programa acontece no mesmo dia em que o Presidente da Ucrânia exortou a União Europeia a incluir a "indústria de 'drones' e mísseis" nas sanções contra a Rússia.

Vladimir Putin, Presidente da Rússia.
Vladimir Putin, Presidente da Rússia.
SPUTNIK

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou esta quinta-feira o lançamento de um programa para o desenvolvimento da tecnologia de 'drones', aparelhos voadores não tripulados que Moscovo tem importado do Irão para utilizar no conflito com a Ucrânia.

"Em breve, o Governo deve lançar um projeto nacional cujo objetivo é garantir o potencial para uma ampla produção de 'drones'", afirmou Putin durante uma reunião sobre as iniciativas estratégicas da Rússia.

O Presidente russo destacou que os sistemas não tripulados são "o verdadeiro catalisador da tecnologia de ponta" em áreas como a aviação, navegação, radioeletrónica ou inteligência artificial, pelo que considerou "extremamente importante" a concentração da produção de 'drones' em território russo.

Nesse contexto, encarregou a Agência de Iniciativas Estratégicas de criar um sistema para a formação de quadros para o desenvolvimento da aviação não tripulada.

Putin adiantou que, dentro de alguns meses, convocará uma reunião especial para analisar os avanços nesta área.

Este anúncio acontece no mesmo dia em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, exortou a União Europeia (UE) a incluir a "indústria de 'drones' e mísseis" nas sanções contra a Rússia.

"É do interesse de todos, não só dos ucranianos, que a Rússia não consiga produzir mais mísseis para atacar as nossas cidades", sustentou Volodymyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em Bruxelas (Bélgica).

Cada pelotão russo com um drone para combater o "inimigo" na Ucrânia

No final de 2022, o exército russo já garantia que cada pelotão tivesse um drone para combater o "inimigo" na Ucrânia, cujas infraestruturas estão sujeitas a bombardeamentos maciços desde o ataque à ponte da Crimeia, em outubro de 2022, pelo qual Putin culpa Kiev.

"A experiência da operação militar especial mostra que o uso de 'drones' se tornou quase generalizado. Tal arsenal deve estar presente em todas as unidades, pelotões, companhias e batalhões", disse então Putin durante uma reunião com altos funcionários do Ministério da Defesa russo.

Nos primeiros meses de combate na Ucrânia, os soldados ucranianos tinham mais 'drones' do que as tropas russas, apesar de, em 2020, a guerra em Nagorno-Karabakh já ter sido amplamente decidida graças aos aparelhos voadores não tripulados fornecidos ao Azerbaijão pelo seu principal aliado, a Turquia.

No início da semana em curso, o Irão negou categoricamente a construção de uma fábrica de 'drones' na região russa do Tartaristão, conforme tinha noticiado a imprensa norte-americana.

"O Irão não está a interferir na guerra na Ucrânia e não está aliado a nenhuma das partes", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, ao jornal Theeran Times.

O Irão inicialmente rejeitou a acusação de Kiev de que havia fornecido os 'drones' para Moscovo, mas depois admitiu que os tinha vendido mas "antes da guerra".