Os comentadores da SIC Germano Almeida e Mónica Dias analisam as últimas ocorrências da guerra na Ucrânia. Esta sexta-feira realizou-se a conferência de segurança em Munique, sem a presença da Rússia pela primeira vez.
A Conferência de Segurança de Munique teve um tópico central: a Ucrânia, com discurso de Zelensky. Tendo isso em conta, seria natural a ausência da Rússia.
"Isso é muito significativo, aliás, isto é uma conferência de guerra. Recordar, também, que, há 16 anos, precisamente nesta conferência em 2007, Putin revelava de uma forma muito nítida as suas verdadeiras intenções, a sua ideia de tornar a Rússia novamente grande", explicou Mónica Dias.
Ao recordar a conferência de 2007, a comentadora Mónica Dias esclareceu que o Ocidente devia ter previsto e precavido as intenções da Rússia, algo que será tarde demais, agora.
"Esse discurso em 2007 foi um choque para todos os que achavam que era possível integrar a Rússia um pouco mais na Europa. O resultado que vimos hoje, esta conferência realizar-se em Munique e sem a presença da Rússia, a meu entender, é o fim de algo que podíamos ter antecipado há 16 anos. Aqui era impossível ter a Rússia, porque é uma conferência de unidade de Estados que apoiam a Ucrânia"
No que diz respeito ao discurso de Zelensky, Mónica Dias realça, de novo, a sobriedade com que o Presidente ucraniano fala, tendo comparado a guerra entre Ucrânia e Rússia como a luta de David e Golias, respetivamente.
“Para que [Zelensky] possa ter sucesso é importante que o Ocidente lhe dê fisgas”, realçou.
O Presidente Francês, Emmanuel Macron, também discursou e mudou a sua perspetiva no que diz respeito aos apoios à Ucrânia, segundo Germano Almeida ao reforçar que é preciso garantir meios para derrotar a Rússia.
"Acima de tudo, identifico uma evolução do Presidente francês que, depois de um fase inicial de alguma hesitação no apoio, está agora do lado de acelerar a ajuda à Ucrânia (…). Macron fala da necessidade de avançar com uma Europa esforçada em reforçar a industria da guerra.", evidenciou.
Também foi relevante, Zelensky recordar e reforçar, mais uma vez, que “não cederá território num possível acordo de paz com a Rússia”.
"Neste momento, não há qualquer condição para haver negócio (…) se caíssemos na armadilha de ceder território para suposta paz, Putin faria o que fez na Georgia, na Crimeia e, eventualmente, poderá fazer também na Moldávia", referiu Germano Almeida.
Para a comentadora Mónica Dias, este impasse, apesar de doloroso para a Ucrânia, representa por si só uma derrota da Rússia.
"Este não avanço representa, a meu entender, uma derrota da própria Rússia. Imaginamos um estado tão grande, que representa muita História e experiência militar que, ao longo de meses e meses, não conseguiu avançar", concluiu.
As últimas da guerra
O Presidente russo recebeu esta sexta-feira o líder da Bielorrússia em Moscovo para conversarem sobre a expansão da cooperação militar e económica com a aproximação de um ano de guerra na Ucrânia.
A Rússia tem mantido tropas e armas na Bielorrússia desde que começou a invasão à Ucrânia. Os dois países também têm realizado regularmente exercícios conjuntos como parte da aliança militar.