A Ucrânia reclama a reconquista de sete localidades nas regiões de Donetsk e Zaporíjia e de avanços na região de Bakhmut. Este será o maior progresso de Kiev dos últimos sete meses. O comentador Germano Almeida destaca a importância destas pequenas reconquistas.
“Demorou, mas começou e já há ganhos da Ucrânia. Embora não sejam ainda muito grandes do ponto de vista territorial, são significativos”, afirma em declarações à SIC Notícias.
A contraofensiva – que era já esperada desde o final do inverno – sofreu atrasos e alterações de planos. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, diz que a operação está a ser prejudicada pelas chuvas intensas. Além disso, a destruição da barragem de Nova Kakhovka também prejudicou a movimentação das tropas de Kiev.
“Confirma-se que o avanço começa a sul e na interceção de leste com o sul. Significa, como Zelensky disse, que isto vai demorar, que está atrasado pela chuva e naturalmente que houve uma mudança de planos também em função da tragédia de Nova Kakhovka, que impede o movimento [das tropas] como uma espécie de barreira líquida.”
Esta contraofensiva poderá levar a uma mudança no conflito. Germano Almeida destaca o discurso do Presidente russo, no Dia Nacional da Rússia, onde, pela primeira vez, Putin assumiu as dificuldades de Moscovo na guerra.
“Putin confirma que por cada ucraniano que morre na Ucrânia, morrem pelo menos três russos. Isso é confirmado pelo Presidente russo”, afirma, acrescentando que as “análises militares dizem que a diferença é de um para cinco ou até o dobro”.
Uma paz justa e segura e a sucessão na NATO
A posição de Lula da Silva em relação ao conflito tem causado polémica. Mas o Brasil não é o único país a defender uma cedência territorial da Ucrânia à Rússia. Também a Indonésia propôs um plano de paz que vai nesse sentido.
A Indonésia “apresenta um plano de paz que implica uma zona desmilitarizada com 30 quilómetros de terra de ninguém, com os russos a recuar em 15 quilómetros na frente que dominam e os ucranianos outros 15 quilómetros, mas em pleno território da Ucrânia”, explica Germano Almeida.
“Embora mostrem supostamente uma coisa positiva – uma proposta de paz –, são perspetivas que beneficiam a Rússia. Porque é muito claro que uma paz justa, como ontem [segunda-feira] Blinken disse, é uma paz que significasse a retirada total das tropas russas e só aí podemos falar de um pós-guerra minimamente seguro e justo”, prossegue o comentador.
Germano Almeida analisa ainda a sucessão do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que, devido à guerra na Ucrânia já viu o seu mandato prorrogado por três vezes. Os nomes para um possível sucessor já começam a aparecer.
“Há uns dias na Casa Branca, lança o nome de Ben Wallace, Ministro da Defesa, para secretário-geral da NATO. Fala-se também da atual Presidente da Comissão, Von der Leyen. Fala-se também na possibilidade de ser alguém do leste da Europa, por exemplo, um polaco. O que confirma essa reflexão para o flanco leste da NATO e da própria União Europeia, em função desta guerra da Ucrânia.”
A cimeira da NATO decorre entre 11 e 12 de julho. Na agenda estará a possível entrada da Suécia na organização militar, assim como um apoio mais robusto por parte dos Estados Unidos à Ucrânia.