Guerra Rússia-Ucrânia

Biden aconselha Prigozhin a ter "cuidado com o que come"

Biden referiu, também, que os estados-membros mostraram ao mundo que a aliança militar emergiu "mais unida do que nunca" na cimeira da NATO.

Biden aconselha Prigozhin a ter "cuidado com o que come"
Alexander Zemlianichenko

O Presidente norte-americano, Joe Biden, considerou, nesta quinta-feira, que a Rússia "já perdeu a guerra" na Ucrânia e abordou as tensões entre a elite russa, aconselhando o líder mercenário Yevgueny Prigozhin a ter "cuidado com o que come".

Numa conferência de imprensa em Helsínquia, onde se avistou com o homólogo finlandês, Sauli Niinistö, e um dia após o fim da cimeira de líderes da NATO, que decorreu em Vilnius, capital da Lituânia, Biden disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, "já perdeu a guerra" na Ucrânia.

O líder norte-americano espera que a contraofensiva da Ucrânia em curso leve a negociações com a Rússia, e manifestou a convicção de que a guerra não vai prolongar-se por anos.

"Espero, e é minha expectativa, que a Ucrânia faça progressos significativos na sua ofensiva que levem a um acordo negociado em algum momento", declarou.

Joe Biden abordou também a crise interna no Kremlin, desde a rebelião do grupo Wagner, em 24 de junho, contra as chefias militares russas, enviando conselhos ao líder da empresa mercenária, entretanto amnistiado, ao abrigo de um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

"Nem sabemos onde ele está (...) Se estivesse no lugar dele, a verdade é que teria cuidado com o que comer. Estaria sempre de olho no meu cardápio", disse Biden, numa aparente alusão ao líder da oposição Alexei Nalvalny, que foi envenenado em 2020 com o agente nervoso Novichok e que se encontra preso.

Mercenários do Grupo Wagner, que desempenhou um papel crucial na ofensiva russa no leste da Ucrânia, realizaram uma rebelião armada em 24 de junho na qual tomaram uma importante base em Rostov, no sul da Rússia, seguindo para Moscovo com o objetivo de depor as chefias militares.

As colunas amotinadas só foram paradas quando se encontravam a pouco mais de duas centenas de quilómetros da capital, com a iniciativa de Lukashenko.

Nas suas declarações, o líder norte-americano desvalorizou o risco do uso de armas nucleares pelo Presidente russo, após novas ameaças de Moscovo ligadas à possível entrega de F-16 ocidentais à Ucrânia, depois do anúncio do envio de munições de fragmentação.

"Não acredito que haja uma perspetiva real (...) de Putin usar armas nucleares. Não apenas o Ocidente, mas também a China e o resto do mundo disseram 'não vão por aí", disse Biden.

Após a cimeira de Vilnius, que se saldou num reforço do apoio à Ucrânia e avanços vagos no processo de adesão de Kiev à NATO, Biden observou que os estados-membros mostraram ao mundo que a aliança militar emergiu "mais unida do que nunca" esta semana.