Guerra Rússia-Ucrânia

Deputado troca guerra por Maldivas e Zelensky denuncia traição

É necessária uma votação parlamentar para remover um deputado eleito do seu cargo na Ucrânia.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Yves Herman

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky denunciou esta terça-feira "a traição" de um deputado recentemente descoberto num hotel de luxo nas Maldivas.

Zelensky insistiu na necessidade de as autoridades e líderes políticos darem o exemplo, em tempo de guerra contra a Rússia.

Yuri Aristov, deputado de 48 anos do partido no poder Servo do Povo, foi visto em meados de julho num hotel de cinco estrelas do arquipélago do oceano Índico, de acordo com o site de notícias Slidstvo.info.

Na sequência destas revelações na imprensa, David Arakhamia, o presidente do grupo presidencial no Parlamento, destacou em comunicado que pediu a "suspensão imediata" do deputado no seio do seu grupo parlamentar.

"Solicitei todos os documentos de viagens de negócios e que todas as informações sejam verificadas", acrescentou.

O presidente do Parlamento ucraniano, Rouslan Stefantchouk, revelou, por sua vez, que recebeu uma carta de demissão de Aristov, também vice-presidente da comissão parlamentar responsável pela segurança nacional, defesa e inteligência, cujo papel é eminentemente estratégico.

"[A situação] será avaliada na próxima sessão plenária" do Parlamento, referiu ainda, sem adiantar mais detalhes.

Volodymyr Zelensky abordou nesta terça-feira à noite a polémica, referindo que preferir "ilhas e resorts em tempos de guerra" é "uma traição aos princípios do Estado".

"Qualquer traição interna, qualquer 'praia' ou qualquer enriquecimento pessoal, em vez de [defender] os interesses da Ucrânia vai provocar no mínimo raiva", sublinhou durante o habitual discurso noturno diário.

"Devemos trabalhar na Ucrânia e pelos interesses do povo ucraniano", destacou, numa mensagem dirigida a deputados, funcionários públicos e outros agentes do Estado.

As condições impostas às viagens para fora do país de funcionários públicos ou deputados foram amplamente regulamentadas desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022 e, em particular, da introdução da lei marcial.