A Polónia deixou de fornecer armamento à Ucrânia para se concentrar no seu próprio armamento, informou Mateusz Morawiecki, primeiro-ministro do país. Germano Almeida, comentador da SIC, analisa esta e outras questões na antena da SIC Notícias.
O chefe do Executivo polaco não disse quando a Polónia, que é um dos maiores fornecedores de armas de Kiev, deixou de fornecê-las, nem se esta decisão teve que ver com o conflito em torno dos cereais ucranianos.
A "primeira grande crise entre os principais aliados da Ucrânia"
Germano Almeida afirma que esta é a "primeira grande crise entre os principais aliados da Ucrânia" e que a mesma é decorrente da situação dos cereais. Isto porque a Polónia, um país produtor deste bem, "fica numa posição desconfortável" após a saída da Rússia deste acordo, já que a Ucrânia tem de escoar os seus cereais por terra colocando produtos em outros locais e fazendo uma concorrência que o Governo polaco não esperava.
Entende que a União Europeia terá de discutir esta situação durante as negociações de adesão de Kiev à Aliança.
Zelensky, durante a sua visita a Nova Iorque por ocasião da Assembleia-Geral das Nações Unidas, disse que "alguns países estão a ajudar a preparar um palco para o surgimento de um ator de Moscovo", referindo-se à Polónia que vetou o acordo dos cereais.
Para Germano Almeida estas palavras "não foram particularmente sensíveis" porque o chefe de Estado da Ucrânia deveria fazer uma separação entre "uma questão quase técnica a resolver" e a grande aliança político-militar que possuía com o país vizinho.
Zelensky insiste no mesmo plano de paz
O comentador refere que a proposta de paz do Presidente ucraniano é aquela que o país tem vindo a apresentar há mais um ano e que consiste em 10 pontos. Desses, Germano Almeida destaca dois: "A retirada das tropas russas e o respeito pelas fronteiras de 1991".
Destaca ainda a proposta de Kiev que pretende que a Rússia seja expulsa do Conselho de Segurança da ONU e que o poder de veto dos membros permanentes "pudesse ser retirado ou anulado no caso de haver maioria qualificada na assembleia-geral".
"Sobre a reforma da ONU, o que vimos nos últimos dois dias é que toda a gente concorda que é preciso fazê-la. O problema é haver consenso relativamente a essa via e também resolver a quadratura do círculo, que não vejo como se possa resolver, que é como reformar o Conselho de Segurança", afirma.
Biden visita Congresso norte-americano
Biden e Zelensky encontram-se esta quinta-feira, em Nova Iorque, depois da confirmação de um novo pacote de ajuda norte-americana a Kiev de 325 milhões de dólares (cerca de 305 milhões de euros). O Presidente ucraniano irá também ao Congresso falar com os líderes democratas e republicanos.