O jornalista e comentador da SIC, Rui Cardoso, explica que, apesar de a operação ucraniana em território russo estar a revelar-se frutífera, Putin continua a acreditar na conquista de território ucraniano, no Donbass. Sobre o conflito no Médio Oriente, entende que as operações israelitas em Gaza impedem a entrada de ajuda humanitária no território e "empurram" os palestinianos para o litoral.
A Ucrânia testou com sucesso o primeiro míssil balístico de fabrico próprio, anunciou Zelensky, no domingo.
Nesse sentido, o comentador da SIC começa por referir que a Ucrânia pretende ter em sua posse armas "capazes de atingir o território russo na sua profundidade", algo que, ressalva, já está a ser feito através de drones produzidos localmente.
Acerca destas aeronaves não tripuladas, Rui Cardoso sublinha que têm sido fundamentais para o sucesso da contraofensiva das forças fiéis a Kiev, em Kursk. Contraofensiva essa que tem como objetivo "criar uma bolsa de territórios e de prisioneiros".
"Fala-se que poderão ter sido aprisionados, mais ou menos, o equivalente a um batalhão, à volta de 600 e tal soldados russos, portanto, para futuras trocas de prisioneiros", afirma.
Para o comentador, Putin ainda acredita que pode conquistar mais territórios ucranianos, nomeadamente no Donbass, "ainda que a passo relativamente lento". "Enquanto [Putin] tiver essa esperança, não vai abdicar das operações", acrescenta.
Por outro lado, a Ucrânia já terá estabelecido domínio sobre cerca de 1.300 quilómetros quadrados de território russo.
"Dá a ideia de que, na previsão a médio e longo prazo, os ucranianos estão a fortificar as posições conquistadas, estão a endireitar a linha de contacto, estão-se a estabelecer ao longo do rio Seim", constata.
"Há algum desnorte" entre as tropas israelitas
No Médio Oriente, Israel resgatou um refém no sul da Faixa de Gaza. Telavive fala numa grande operação, mas há fontes que dizem que não passou de um mero acaso.
O comentador entende que "há algum desnorte" entre as tropas israelitas que se encontram em Gaza "porque, de facto, a sorte nestas coisas joga sempre algum papel".
Diz ainda que "a única vez que se libertaram reféns com princípio meio e fim e em quantidades aceitáveis e num estado de saúde aceitável foi quando houve negociações entre as duas partes".
"Montam-se operações de grande envergadura em Gaza que a única coisa que fazem é impedir que a ajuda humanitária circule e empurrar os palestinianos. Gaza, neste momento, parece um bairro de lata na praia, toda a gente fugiu para a areia porque é o único sítio onde as tropas israelitas deixam estar as pessoas", refere.
Rui Cardoso partilha ainda que três reféns israelitas conseguiram escapar aos seus carcereiros do Hamas, "vieram para a superfície com lenços brancos", falaram em hebraico, identificaram-se e "foram abatidos a sangue frio" pelos soldados "que acharam que aquilo era uma armadilha do Hamas".
"Provavelmente, [acharam] que eram tipos do Hamas disfarçados de reféns, com granadas e, portanto, não investigaram e dispararam primeiro e fizeram perguntas depois. Não me parece grande maneira de libertar reféns", lamenta.