Jornada Mundial da Juventude

JMJ: "É uma janela aberta para o mundo, onde o Papa irá manifestar as suas preocupações”

O especialista em Ciências das Religiões, Brissos Lino, dá conta das expetativas para a Jornada Mundial da Juventude. O comentador da SIC destaca alguns dos objetivos deste encontro e a mensagem que o Papa vai querer transmitir na visita a Portugal.

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Mais de um milhão de pessoas esperadas a partir de hoje em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O Papa chega esta manhã a Portugal para participar no encontro com jovens de todo o mundo, que decorrerá até domingo. O especialista em Ciências das Religiões, Brissos Lino, dá conta das expetativas para esta Jornada.

O comentador da SIC destaca alguns alguns dos objetivos desta Jornada e a mensagem que o Papa Francisco vai querer transmitir na visita a Portugal.

Mensagem de paz

A Jornada Mundial da Juventude “é uma janela aberta para falar ao mundo, para manifestar as suas preocupações”, considera Brissos Lino, começando por dizer que o chefe da Igreja irá transmitir uma mensagem de paz, sem esquecer a guerra na Ucrânia.

"Desde o princípio, tem tido algumas ações. Todos nos lembramos logo no início da guerra que ele se deslocou à embaixada russa em Roma.

Com certeza que irá ter uma palavra a favor da paz, porque nós vivemos num mundo e a sociedade, as sociedades aqui na Europa e não só, também podemos dizer nas Américas, estão muito estrelar extremadas as pessoas. Parece que se zangam por quase tudo. As redes sociais também não vieram facilitar essa situação.

As pessoas entram em confronto e, naturalmente, o Papa tem uma palavra de paz como líder cristão que é e a partir do Evangelho que é o Evangelho da Paz".

Abusos sexuais na Igreja

O especialista em Ciências das Religiões refere também o tema dos abusos sexuais na Igreja, que será abordado pelo Papa Francisco, que tem também previsto um encontro com algumas das vítimas.

“As vítimas precisam de saber é que a igreja de facto está a trabalhar e está interessada em mudar de rumo, porque é é disso que se trata. Vesse aspeto, o Papa Francisco não é suspeito porque desde o princípio tem falado bastante contra essa situação, tem proferido palavras muito duras, disse claramente que bispos que sejam acusados de pedofilia, devem abandonar os seus cargos. Os sacerdotes devem ser não apenas alcançados pela justiça, digamos, da Igreja, não é pelo direito canónico, mas ser entregues às autoridades civis”, sublinha.

Brissos Lino destaca “o grande poder da palavra” do Papa, que deverá “aproveitar esta oportunidade para falar sobre o assunto para reforçar esse aspeto, sabendo que a Igreja portuguesa uma certa crise, digamos, este nestes últimos tempos decorrente deste deste desta situação, então, com certeza que ele não vai perder essa oportunidade, penso eu”.

“Qualquer renovação da Igreja não tem a ver com a JMJ"

Para terminar, o especialista em Ciências das Religiões refere “qualquer renovação da Igreja não tem a ver com a JMJ, porque isto não vai mudar muito aquilo que nós podemos ter”. A esperança de uma mudança na Igreja Católica poderá ocorrer no Sínodo, no final deste ano.

"O Papa tem defendido uma igreja mais sinodal, isto é, mais participativa e tem combatido o clericalismo, ou seja, a ideia de que a hierarquia é que é a Igreja".

"Mesmo que o Papa, que está no topo da pirâmide, digamos assim, queira mudar, depois há uma série de outros níveis que que que é pedrinha na engrenagem que não é fácil mudar, mas pelo menos ele deu alguns passos nesse sentido e penso que alguma coisa vai mudar".