Jornada Mundial da Juventude

Entrevista SIC Notícias

Câmara de Lisboa tentou "fugir sempre ao ajuste direto", diz coordenador para a JMJ

David Lopes, coordenador da Câmara de Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude, analisa na SIC Notícias o evento que terminou este domingo.

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David Lopes, coordenador da Câmara de Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), faz, em direto na SIC Notícias, o balanço do evento que encheu a capital durante seis dias.

O primeiro-ministro António Costa convidou o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e o presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude, bispo Américo Aguiar, para um almoço de agradecimento da JMJ.

Questionada sobre se as Câmaras deveriam ter sido convidadas, David Lopes refere que não cabe à autarquia comentar os convites de António Costa e acha "muito bem" e "normal" que o chefe do Executivo o tenha feito.

“Não terá sido perfeito”

Esclarece que existiram discordâncias "aqui e acolá" entre as várias entidades organizadoras do evento, mas que o mais importante se sobrepôs: "o objetivo de concretizar com sucesso a Jornada". Objetivo que garante ter sido cumprido e que "orgulhou" os portugueses. Contudo, ressalva que "não terá sido perfeito":

"Com o tempo que tínhamos, com os condicionamentos existentes, com o ponto de partida, com tudo aquilo que aconteceu e que antecipou a partida, a montagem, a preparação, correu bem".

Nota que o tempo que a Câmara teve foi suficiente, mas que "dava jeito" mais algum, apesar de a autarquia ter "trabalhado dia e noite". Afirma que a Jornada não começou no dia 1 de agosto e que 300 concelhos portugueses trabalharam durante muito tempo para que a mesma acontecesse.

Conta que a equipa da Câmara responsável pela JMJ começou a trabalhar assim que chegou à Câmara de Lisboa - em setembro de 2021 - e, juntamente com vários funcionários municipais, formou "quase um espelho das direções municipais com a higiene urbana, com a mobilidade, com os espaços verdes, com a cultura".

"Estava muito pouco feito" quando Moedas assumiu o cargo de presidente

Revela que quando chegou à Câmara de Lisboa "estava muito pouco feito" e discrimina:

"Estava lançada uma empreitada para a construção e preparação de uma ponte e o resto foi da responsabilidade deste Executivo camarário".

Explica que a autarquia foi analisar Jornadas anteriores e perceber o que tinha corrido mal. Diz ainda que Fernando Medina, antigo autarca de Lisboa, teve influência nesta Jornada no sentido em "captou o evento para a cidade".

David Lopes, relativamente ao total gasto pela Câmara para a JMJ, afirma que os responsáveis autárquicos sempre pretenderam que esta fosse a "Jornada das contas certas". Aponta que a autarquia sempre informou e discriminou publicamente todos os gastos envolvidos nesta operação.

Câmara tentou "em todos os casos fugir sempre ao ajuste direto"

"Porque é que houve tantos ajustes diretos?", a esta questão o coordenador responde dizendo que não houve o tempo desejado para planear o evento e que tudo foi feito em contrarrelógio. Contudo, garante que a Câmara tentou "em todos os casos fugir sempre ao ajuste direto", garantindo que não sabe ao todo quantos foram feitos:

"A última vez que olhámos com detalhe poderíamos estar a falar de cerca de 40 a 45% do valor total do orçamento feito em ajustes diretos (…) O ajuste direto não foi uma opção era o recurso que tínhamos para num período de tempo".

Acrescenta que ao não se saberem os recursos, “quase até ao fim”, que eram necessários, não se pôde contratualizar "compromissos com empresas".

David Lopes frisa que mesmo nos casos em que foram feitos ajustes diretos, a autarquia contactou sempre mais do que uma empresa.

Bairro da Serafina: os problemas sociais em Lisboa

O Papa Francisco visitou o bairro da Serafina e o bairro da Liberdade, dois dos locais mais carenciados de Lisboa. O coordenador aponta que não pode dizer se irá existir uma solução para os habitantes destes locais por não estar inserido nessa área, mas atira que o Executivo camarário de Lisboa tem feito investimentos recorde na área social.

"Boas novidades" para Parque Tejo a caminho

David Lopes diz que a limpeza dos locais onde decorreram as várias atividades no âmbito da JMJ é de louvar e afirma que as desmontagens das infraestruturas ainda estão a acontecer, bem como a rega do Parque Tejo e do Parque Eduardo VII.

Lembra que no Parque Tejo não puderam nem podem ser plantadas árvores, uma vez que o solo está selado a 70 centímetros da superfície, devido ao facto de o local ter sido um aterro sanitário. Deixou ainda no ar que existirão "boas novidades" em relação aos espaços verdes que irão existir no Parque Tejo.

"Sinto que é um espaço de liberdade, que é um espaço de entretenimento, é um espaço em que o ambiente é bastante democrático porque permite o acesso livre a várias funções que pode ter e é um espaço que liga, pela primeira vez, Lisboa a Loures de uma forma pedonal e ciclável", elogia.

Explica que o palco – apenas a base e a cobertura permanecerão no local atual - poderá ser utilizado no futuro para outros eventos e que o espaço terá uma "visibilidade direta" para o mesmo para, no mínimo, 100 mil pessoas.

Dos 35 milhões de euros gastos na JMJ, 25 milhões “ficam para a cidade”

Sobre se valeu a pena terem sido gastos tantos milhões, David Lopes diz que "a resposta tem de ser dada por cada um perante as evidências e perante os factos". Mas nota que dos 35 milhões de euros gastos na JMJ, 25 milhões "ficam para a cidade em infraestruturas e equipamentos".

"Não podemos pensar só no curto praz, os efeitos vão ser muito impactantes não só para Lisboa, mas também para o país".