Em quatro épocas ao serviço do FC Porto, Mário Jardel, também conhecido como Super Mário, marcou sempre acima de 30 golos e na última, que valeu uma Bota de Ouro, acertou na baliza 56 vezes em 51 jogos.
Ao serviço do Sporting, fez 55 golos em 42 jogos na temporada de estreia. Pelo meio, no Galatasaray, marcou 34 golos e conquistou uma Supertaça Europeia frente ao Real Madrid dos galácticos, onde alinhava Luís Figo.
“Não marcava muitos com os pés, mas de cabeça era certo. Só pedia aos meus colegas para porem a bola na área. Depois era comigo.”
Quando olha para o futebol atual e para aqueles que jogaram antes dele, não tem qualquer dúvida sobre o lugar que ocupa: “Nunca vi um cabeceador melhor do que eu. Nem sequer um que esteja perto. Vamos imaginar que jogava hoje. Fazendo contas por baixo, a marcar 30 ou 40 golos por época? Valia 200 milhões.”
Jardel fica incomodado quando vê pontas de lança de equipas grandes, que jogam sempre, terminarem a época com cerca de 12 ou 13 golos: “É lamentável. Sem comentários.”
“FC Porto e Sporting nunca me dão convites para os jogos. Fui Bota de Ouro pelos dois”
Para Mário Jardel, o golo não tinha segredos. Foi Bota de Ouro duas vezes, galardão destinado ao melhor marcador da Europa de cada ano, a jogar em Portugal: primeiro pelo FC Porto, depois ao serviço do Sporting.
Apesar de estar na história destes clubes, diz que a relação atual não é boa: “Quando venho a Portugal e tento ver um jogo do FC Porto ou do Sporting, nunca consigo um convite. Tenho de ir para camarotes de amigos. Isso deixa-me triste. Não é condizente com a minha história nesses clubes.”
Jardel não esconde a mágoa pelo afastamento que, segundo o próprio, estes dois clubes criaram em relação a ele e acredita que o seu passado, onde teve alguns problemas assumidos com drogas, ainda pesa: “Há essa mentalidade em que ligam mais a essa parte do que a tudo o que fiz nesses clubes. Dei títulos a ganhar e muitos milhões, mas parece que nada disso conta.”
Jardel dá o exemplo do Galatasaray, clube turco onde também deixou marca: “Joguei lá apenas uma época e sempre que vou sou muito bem tratado. Gostava que fosse assim em Portugal, mas infelizmente não acontece.”
Jardel volta a mencionar a difícil relação com os dragões e dá o exemplo de Jorge Costa, que foi seu colega no FC Porto e atualmente é diretor geral para o futebol profissional.
“Ligo-lhe a dizer que quero ver um jogo e responde-me que já está tudo esgotado”, lamenta.
“Chegaram a dizer-me que tinha de pagar a um empresário para ir à seleção. Não paguei e nunca mais joguei pelo Brasil”
Foram muitos golos no futebol europeu, duas Botas de Ouro, mas uma relação sempre difícil com a seleção brasileira: “Houve alguém que disse que eu fui o avançado mais desperdiçado da história da seleção.”
Jardel atribui, em parte, essa falta de aposta à sua forma de jogar: “O meu estilo não era comum na seleção. Eu era um homem de área ao contrário de outros, que se movimentavam mais. Acredito que isso prejudicou-me.”
Jardel foi campeão do Mundo de sub-20 e chegou às dez internacionalizações pela seleção principal do Brasil. Era um dos nomes apontados à convocatória do Mundial de 2002, na equipa orientada por Scolari, que os canarinhos acabaram por conquistar: “Nessa altura, chegaram a dizer-me que se queria ir ao Mundial, teria de dar dinheiro a um agente. Não sei se para ele ou para alguém da equipa técnica. Disse que não e que, para isso, preferia doar para as crianças. A partir daí, nunca mais fui à seleção brasileira.”